Brasília (AE) – A safra de grãos deste ano deverá ser menor que a prevista. Dados divulgados ontem (28) pelo ministro interino da Agricultura, Márcio Fortes de Almeida, com base no quarto levantamento de campo feito pelos técnicos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), projetam uma safra de 98,5 milhões de toneladas, e não mais de 100 milhões de toneladas. A quebra na segunda safra de milho (a safrinha), de 1,8 milhão de toneladas – cuja colheita começa no fim deste mês -, impediu que o País ultrapasse a barreira dos 100 milhões de toneladas de grãos.

A colheita deste ano será ligeiramente superior à do ano passado, que foi de 98,3 milhões de toneladas. A área de cultivo será de 39,6 milhões de hectares, ou 2,1 milhões a mais que a safra 2000/01. Os dados da Conab apontam que a soja continua liderando o aumento na produção, com uma colheita estimada em 41,1 milhões de toneladas, ou 10,5% a mais que a safra do ano passado, que foi de 37,2 milhões de toneladas.

“O recorde de 100 milhões de toneladas de grãos não se confirmou. A estiagem e as altas temperaturas registradas no fim do ano passado prejudicaram as culturas de verão no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina”, disse o ministro interino. “Posteriormente, a seca também prejudicou o plantio de milho da segunda safra.”

Os dados da Conab indicam que as culturas mais prejudicadas na safra de grãos 2001/02 foram o algodão e o milho com reduções de 16,5%, e de 13,3%, respectivamente, em relação ao ano passado. A colheita total de milho, estimada inicialmente em 37,9 milhões de toneladas, será de 36,01 milhões de toneladas contra 41 milhões de toneladas colhidas na safra 2000/01. Do total da safra de milho deste ano , 29,6 milhões de toneladas se referem à primeira safra, e 6,3 milhões à segunda safra.

O presidente da Conab, Vilmondes Olegário da Silva, disse que a previsão feita em fevereiro indicava uma safrinha de milho de 8 milhões de toneladas. Os prejuízos causados pela seca especialmente no Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo, reduziram esta previsão ao mesmo volume colhido no ano passado, que foi de 6,3 milhões de toneladas.

Fortes de Almeida disse que, apesar da colheita de milho ser ajustada à demanda, que também é de 36 milhões de toneladas anuais, não haverá problemas de suprimento. A Conab, segundo ele tem um estoque de milho em seus armazéns de 3,5 milhões de toneladas.

A estimativa é de que a importação de milho seja somente de 600 mil toneladas.

Com a redução da colheita, as exportações, que no ano passado alcançaram 5 milhões de toneladas, também serão prejudicadas e deverão ficar, no máximo, em 2 milhões de toneladas. Fortes de Almeida disse que de janeiro até este mês foi exportado 1,5 milhão de toneladas.

Com relação ao algodão, o ministro afirmou que a a redução na safra ocorreu basicamente porque os produtores foram desestimulados em razão da queda acentuada do preço do produto no mercado externo, provocada pelos elevados subsídios concedidos pelos Estados Unidos ao seus cultivadores de algodão.

A colheita de algodão em caroço desta safra terá uma redução de 16,5%, ficando em 1,270 milhão de toneladas contra 1,521 milhão de toneladas da safra anterior.

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