A produção nacional de grãos da safra 2005/2006 deve ficar entre 122,7 e 124,9 milhões de toneladas, de acordo com o segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Se confirmado o intervalo superior, esta será a maior safra da história. Isso significa 9,2 a 11,4 milhões de toneladas a mais, em relação à anterior, que foi de 113,5 milhões/t, um aumento que varia entre 8,1% e 10%. O anúncio foi feito ontem pelo presidente da Conab, Jacinto Ferreira.
A previsão do bom desempenho da safra atual se deve a recuperação da produtividade do milho e da soja, que em 2004/2005 foi prejudicada pela estiagem, especialmente nos estados do sul do País.
Por outro lado, a pesquisa aponta para uma redução da área plantada, passando de 48,9 milhões/hectares na safra passada para um intervalo entre 46,3 e 47 milhões/hectares, uma queda de 5,3% a 3,7%.
Milho
A área de cultivo do milho primeira safra deverá ter um aumento em relação à safra anterior, passando de 9 milhões/hectares para um intervalo entre 9,4 a 9.6 milhões/hectares (+4,4% a +5,9%). Já a produção deverá passar de 27,3 milhões/t para entre 32,3 a 32,9 milhões/t (+18,4% a +20,5%).
Feijão
Estimulado pelo preço do mercado, o grão primeira safra também terá um aumento da área plantada, saindo de 1,16 milhão/hectares em 2004/2005 para um intervalo entre 1,24 a 1,25 milhão/hectares (+6,5% a +7,5%). A produção vai variar entre 1,41 milhão/t e 1,42 milhão/t (+27,9% a +29,2%).
Arroz
Devido aos baixos preços no mercado, o arroz sofreu uma queda na área plantada, saindo dos 3,92 milhões/hectares, para um intervalo entre 3,27 e 3,36 milhões/hectares na atual (-16,5% a -14,3%). Este resultado refletirá na produção que vai diminuir entre 1,8 milhão/t e 1,5 milhão/t (-13,5% e -11,2%). Mato Grosso é o estado onde deverá haver maior redução na área, variando entre 55% e 50%.
Algodão
A queda do preço também atingiu o algodão, resultando na diminuição da área plantada, de 1,18 milhão/hectares para um intervalo entre 0,77 e 0,82 milhão/hectares (-35% a -30,1%). O tipo pluma, por exemplo, deve sofrer uma queda na produção entre 384,1 e 312 mil/t (-29,6% a -24%).
Soja
Ainda em relação à última safra, a área plantada da soja deve cair de 23,30 milhões/hectares para um intervalo entre 21,70 a 22,14 milhões/hectares (-6,9% a -5%). O desestímulo à cultura é atribuído às baixas cotações do produto nos mercados internos e externos, aliado à desvalorização cambial.
Os números foram apurados por 55 técnicos da Conab, que foram a campo no período de 21 a 25 de novembro, nos estados do centro-sul, na Bahia, Rondônia, Tocantins e sul do Maranhão e do Piauí. Eles entrevistaram 1.320 produtores e representantes de cooperativas, sindicatos e órgãos públicos e privados.
Doze novos focos de ferrugem em Mato Grosso
Com as lavouras em fase de florescimento, o Sistema de Alerta da Embrapa Soja já registra focos de ferrugem em várias regiões brasileiras. As últimas confirmações foram feitas pela Fundação Rio Verde, entidade integrante do Consórcio Antiferrugem, liderado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que confirmou a ocorrência de doze novos focos da doença em cinco municípios: Lucas do Rio Verde, Santa Rita do Trivelato, Ipiranga do Norte, Sorriso e Sinop. Todas as ocorrências são em unidades de alerta, plantadas antecipadamente com o objetivo de detectar a presença do fungo antes que ele chegue às lavouras comerciais.
?A situação de Sorriso e Sinop preocupam um pouco mais. Há focos em estádio R1, quando normalmente detectamos a partir de R5. Os municípios são grandes e as condições climáticas estão favoráveis em algumas regiões. Temos áreas com chuvas irregulares e outras com chuvas bem distribuídas?, explica Mauro Natalino da Costa, fitopatologia da Fundação Rio Verde, responsável pela confirmação dos focos. Segundo o técnico, ainda não foram confirmados focos em lavouras comerciais da região. ?Os produtores não precisam ter receio de encaminhar amostras para confirmação, pois os dados são sigilosos?, explica.
Primavera do Leste
Em Primavera do Leste, município brasileiro onde a situação da ferrugem é agravada pela presença dos pivôs no inverno, a doença está sob controle. Mesmo assim, técnicos e produtores devem seguir atentos, pois as condições climáticas dos últimos dias voltam a favorecer a doença. Os focos de ferrugem que são encontrados em estádio vegetativo estão em áreas distantes, em média, a 15 km de áreas de pivôs. ?As lavouras que não estão em áreas próximas aos pivôs estão conseguindo chegar no florescimento sem realizar aplicação?, explica o agrônomo Sandro Kuramae, da Ceres Consultoria. Sandro confirma que, em comparação à safra passada, a pressão está menor, provavelmente porque o inverno foi mais seco, diminuindo a pressão do inóculo para o verão.
