Conab confirma recorde na safra de verão

Foto: Agência Brasil

Jacinto Ferreira, da Conab: não faltaram recursos.

Brasília – O clima favorável em todas as fases de plantio das culturas de verão, as ações do governo federal de apoio à comercialização e o financiamento no momento oportuno foram apontados ontem pelo presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Jacinto Ferreira, como fatores decisivos para a previsão de uma safra recorde de 131,1 milhões de toneladas de grãos em 2006/07. A se confirmar essa estimativa, a produção da atual temporada superará em 6,4% (7,9 milhões/t) as 123,2 milhões/t do período 2002/03 – maior volume já colhido pelo País. A estatal calcula ainda que as exportações de milho devem dobrar, chegando a cerca de 7,6 milhões/t.

Os números fazem parte do sétimo levantamento de safra, divulgado ontem pela Conab. A projeção de uma colheita de 131,1 milhões/t representa também um aumento de 8,6% (10,32 milhões/t) em relação à safra 2005/06, de 120,77 milhões/t e de 2,7% sobre a pesquisa de março, que indicava um volume de 127,65 milhões/t em 2006/07. A área plantada é estimada em 45,98 milhões de hectares, uma queda de 2,9% (1,35 milhão/ha) em comparação a 2005/06 (47,33 milhões/ha) e de 0,7% sobre a previsão anterior (45,65 milhões/ha). ?O crescimento da produção deve-se aos ganhos de produtividade?, disse Ferreira.

A soja e o milho continuam impulsionando o crescimento da agricultura brasileira. Somadas, as duas culturas representam 83,1% do volume de grãos previsto pela Conab para 2006/07. A produção de soja é estimada em 57,96 milhões/t, um acréscimo de 8,5% em relação à passada, de 53,4 milhões/t. Já colheita total de milho deve chegar a 51,05 milhões/t, 20,1% superior a anterior, de 42,5 milhões/t. A primeira safra de milho é calculada em 36,6 milhões/t (+15,2% em comparação a 2005/06) e a segunda, em 14,4 milhões/t (+34,6% sobre 2005/06), segundo os dados da estatal.

?Vamos dobrar as exportações de milho?, afirmou Ferreira. O volume exportado deve alcançar 7,6 milhões de toneladas neste ano, destacou o presidente da Conab, lembrando que a área cultivada de milho na 1.ª safra teve uma redução de 1,5%, equivalente a 140,9 mil/ha. Em compensação, acrescentou, a área plantada de milho na 2.ª safra aumentou 23,6% (783 mil/ha). No total, prevê a estatal, as lavouras da cultura chegarão a 13,6 milhões/ha, um incremento de 5% (642,1 mil/ha) sobre a temporada 2005/06, quando elas ocuparam 12,9 milhões/ha.

A soja é outro exemplo de incremento da produtividade. Embora a área tenha caído de 22,22 para 20,68 milhões/ha representando menos 1,54 milhão/ha (-6,9%), a produção saltou de 53,4 para 57,9 milhões/t (+8,5%). ?Essa queda na área plantada ocorreu porque no início do plantio os produtores não tinham grandes expectativas de preços?, explicou o superintendente de Informações do Agronegócio da Conab, Airton da Silva. ?Mas as cotações começaram a reagir depois.? Ele atribui a recuperação à redução da safra de soja dos EUA, que deram prioridade ao milho.

O sétimo levantamento da safra 2006/07 foi realizado entre os dias 19 e 23 de março último por 71 técnicos da Conab, em 594 municípios das principais regiões produtoras. Nesse período, eles consultaram Secretarias da Agricultura, empresas públicas e privadas de assistência técnica e extensão rural, agentes financeiros, produtores rurais e cooperativas. A estatal deve divulgar a próxima estimativa de produção de grãos no início de maio.

Mapa tem proposta para ajudar suinocultura

A Conab encaminhou ontem ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) uma nota técnica em que sugere a aquisição de carne suína pelo governo, para socorrer produtores de Santa Catarina e do Paraná que enfrentam problemas com o excesso do produto no mercado, por causa da queda nas exportações para países como a Rússia.

O governo analisa três possibilidades para ajudar os criadores: adquirir até 50 mil toneladas de carne a partir do próximo mês, trocar o produto por milho e incluir a suinocultura na Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM), medida esta que depende da aprovação do Tesouro Nacional.

A intervenção da Conab, entretanto, depende ainda da contratação de frigoríficos de terceiros para a estocagem da carne, uma vez que a capacidade dos equipamentos da estatal no Rio Grande do Sul, Paraná e Minas Gerais não é suficiente para este volume. As propostas foram discutidas durante reunião no início da semana entre o presidente da companhia, Jacinto Ferreira, representantes do setor produtivo, parlamentares e secretários da Agricultura dos estados.

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