Comprar o primeiro carro não é tão simples quanto ir ao shopping e escolher um jeans novo ou um aparelho de CD. Geralmente, quem decide adquirir o primeiro automóvel economiza dinheiro por vários meses para tornar o sonho realidade, se sente inseguro na hora de fechar o negócio e teme errar na escolha.
Donos de concessionárias e responsáveis por oficinas mecânicas confirmam que, por falta de experiência, geralmente são os “marinheiros de primeira viagem” os que mais cometem falhas na hora da compra, seja de um veículo zero ou de um usado.
Para o vendedor da Champagnat Veículos, de Curitiba, Mau-rício Costa da Silva, o erro mais comum é se deixar levar pela empolgação. Segundo ele, a compra do primeiro carro mexe com o emocional e faz com que, muitas vezes, as pessoas que passam pela experiência acabem não analisando com clareza a relação custo/benefício do negócio. “É muito comum clientes sem experiência chegarem na concessionária e só enxergarem a beleza da carcaça do carro”, afirma. “Porém, são necessárias análises mais profundas. A pessoa deve definir quais são suas reais necessidades e só depois decidir que modelo se encaixa a elas”.
Além de prestar atenção em detalhes como potência do motor, consumo de gasolina, espaço interno, opcionais, preço e facilidades de pagamento, os futuros proprietários devem se preocupar com o valor de manutenção do veículo. Quem compra deve analisar se a manutenção de determinado modelo ou marca é compatível com suas condições financeiras e se existem oficinas autorizadas na cidade em que habita. “Pesquisas e um bom planejamento financeiro antes da compra costumam evitar muitos problemas futuros”, comenta Maurício.
Quem opta por um carro usado deve ter cuidados redobrados. Na opinião do proprietário da auto-center Vila Izabel, também com sede na capital, Roberto Felogia Ferreira, o mais indicado é adquirir o veículo em uma revendedora. “A pessoa deve ter consciência de que carro dá muitas despesas. Então, no que diz respeito a automóveis usados, muitas vezes é melhor comprar um veículo um pouquinho mais caro, mas em perfeito estado de conservação, do que um barato e em más condições”, diz. “É muito comum as pessoas escolherem o carro pelo preço baixo e acabarem gastando quase o dobro em manutenção”.
Se a opção for comprar de particular, o mais indicado é que a pessoa procure o Detran, verifique se a documentação do veículo está em ordem e se existem multas a serem pagas. Antes de fechar negócio, deve-se levar o carro a um mecânico de confiança. O profissional poderá fazer uma avaliação do motor, dizer se o automóvel já foi batido e opinar se a compra vale ou não à pena.
Vistoria evita dores de cabeça
Quem acaba de adquirir o primeiro carro diz que o friozinho na barriga é inevitável na hora de efetuar a compra. Por mais que se pesquise e conte com a orientação de pessoas mais experientes no assunto, o medo de fazer um mau negócio está sempre presente.
Há três meses, o analista de sistemas Claudio Marcelo Pokrywiecki, de 24 anos, passou pela experiência. Proprietário de um Gol ano 96, ele revela que economizou quase um ano para comprar o veículo e, na hora de pagar, ficou nervoso ao ver o dinheiro indo embora de sua conta. “Não me deixei levar pela empolgação. Pesquisei muito antes de comprar, mas mesmo assim me senti inseguro”, conta.
Antes da compra, para evitar problemas, Claudio pediu para que um parente entendido no assunto fizesse uma vistoria no carro e verificasse se tudo estava em ordem. Com a certeza de que o carro estava em perfeito estado, verificou a documentação e cuidou para que a transferência fosse feita o mais rapidamente possível. “Acho que fiz um bom negócio. Da próxima vez que for comprar um carro, estarei mais consciente do que se deve ou não fazer”.
O segurança Juarez Ribeiro de Jesus, de 28 anos, comprou o primeiro carro, um Fiat Uno ano 87, há nove meses. Ele também adquiriu o veículo de particular. “Na hora de fechar o negócio tive, ao mesmo tempo, a sensação de estar realizando um grande sonho e de estar assumindo um compromisso bastante pesado”, lembra. “Tive muito medo, mas acho que valeu à pena. Um carro me fazia muita falta e, atualmente, está sendo bastante útil em momentos de emergência”.
De acordo com o segurança, o carro está em bom estado de conservação e, até agora, não apresentou problemas. Porém, Juarez confessa que, antes da compra, não levou o veículo para ser avaliado por um mecânico. “Comprei de um conhecido, na confiança de que o carro estava bom. Dei muita sorte mas, da próxima vez, não deixarei de procurar a opinião de um bom profissional”. (CV)