Lucimar do Carmo |
Hamilton e Cristina: é preciso fazer substituições. |
Os gastos com alimentação ocupam o segundo lugar no total de despesas da maioria das famílias brasileiras, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E esses gastos têm aumentado cada vez mais, pressionando o orçamento familiar. Os alimentos foram os grandes vilões de 2007. Eles causaram grandes impactos na inflação e tiveram aumentos superiores ao índice geral do ano passado. A população sentiu a diferença no bolso e está fazendo adaptações.
?Está muito caro comprar comida. Dependendo do que está caro na época, a gente tem que fazer substituições. A gente sente que os preços só têm aumentado?, comenta a aposentada Cristina Tavares. ?Os preços dos alimentos subiram mesmo. A gente está gastando muito com comida?, ressalta o aposentado Hamilton Ataíde. ?Os preços estão mais caros, seja na feira ou no supermercado. Para evitar os gastos com alimentação na rua, estamos fazendo mais refeições em casa, o que acaba saindo mais barato. Mas, de qualquer forma, está tudo muito caro?, afirma a fisioterapeuta Maria Luiza Ribas.
Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) fechou 2007 com alta de 4,6%. No entanto, o segmento alimentação teve aumento de 10,65% no ano passado. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo IBGE e usado pelo governo federal como meta inflacionária, foi de 3,69% entre janeiro e novembro de 2007. Enquanto isto, no mesmo período, os alimentos ficaram 8,55% mais caros.
O economista Sandro Silva, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), no Paraná, explica que desde o primeiro semestre do ano passado os alimentos estão pressionando a inflação. Os preços foram influenciados pelo desempenho de safras, condições climáticas e recuperação das cotações internacionais de diversos produtos, como a soja, o feijão e o arroz. ?O feijão sofreu com o problema da seca. Houve prejuízo na oferta e no plantio da próxima safra. O mesmo aconteceu com outros produtos?, divulga Silva. Alguns produtos, como as carnes, ainda foram influenciados pelas exportações e pelo aquecimento no consumo interno.
Os itens que fazem parte da cesta básica foram alguns dos que mais subiram no ano passado. De acordo com o economista, a cesta básica em Curitiba teve um aumento de 10,32%, entre janeiro e novembro de 2007. Dos 13 itens da cesta básica, apenas três apresentaram queda: açúcar, tomate e banana. ?É complicado determinar se em 2008 os alimentos vão continuar pressionando a inflação porque existe a questão climática. Possivelmente, a pressão será menor do que em 2007 porque a recuperação de preços de muitos produtos já aconteceu?, esclarece Silva.
Alguns dos vilões de 2007 foram a batata (cujo preço aumentou 134%); leite (32,73%); feijão (26%); óleo de soja (13,26%); café (12,78%); carnes (12,88%); hortaliças e verduras (11,89%); tubérculos, raízes e legumes (29,62%); e cereais (18,62%).