Compra financiada pode custar o dobro do preço

São Paulo – Ao comprar um produto financiado, o consumidor que não pesquisou preços, juros e o valor das prestações poderá pagar por um eletrodoméstico, por exemplo, quase o dobro do valor à vista do produto. Uma pesquisa em São Paulo e no Rio revela também que a diferença entre os valores da menor e da maior prestação, num crediário de 12 meses, pode chegar a 60%. O levantamento foi feito em dez grandes lojas de eletroeletrônicos e hipermercados e em dez bancos pela Pro Teste Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, uma entidade não-governamental com 1.200 associados e filiada a Euro Consumer na Europa. O resultado mostrou que uma geladeira de uma porta, com capacidade para 310 litros, pode custar de R$ 965,08 (se adquirida à vista) a R$ 1.850,04 (financiada em 12 prestações), uma diferença de mais de 90%, ou quase a metade do preço.

“O consumidor disposto a comparar financiamentos pode conseguir economizar o suficiente para comprar outro produto”, exemplifica o economista Leonardo Diz, técnico da Pro Teste, com base na pesquisa, publicada este mês na revista da entidade. A geladeira mais barata encontrada na Pana-shop/Bestmix, ao fim de 12 prestações no cartão de crédito, sairia por R$ 1.164,84. Já o mesmo produto em 12 vezes no carnê na Arapuã custaria R$ 1.850,04. “Se financiar neste caso a de menor preço, o consumidor vai economizar R$ 685,20, o que daria para comprar, por exemplo, um fogão.”

A pesquisa mostra que há vários riscos de armadilhas numa compra financiada. A mais comum, observa o economista, é acreditar que o valor da venda a prazo pode ser igual ao da venda à vista. Na pesquisa, explica, todas as vezes que a equipe que levantou preços insistiu em pagar o produto à vista o vendedor acenou com descontos que variavam de 5% a 10%. “É comum também o lojista apresentar para o consumidor um preço de tabela ou de lista, dependendo da localidade, que nada tem a ver com o pagamento à vista, com desconto.”

A taxa média de juros no varejo em dezembro, segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), estava em 6,14%, pouco menor do que a média de 6,51% em agosto, época em que foi feita a pesquisa da Pro Teste. “Não é muita diferença. Os juros continuam altíssimos, e quem precisar mesmo comprar a prazo deve levantar o preço total do produto financiado em vários locais”, diz o presidente da Anefac, Miguel José Ribeiro de Oliveira. “Quem vê apenas se a prestação cabe no bolso, o que ocorre na maioria dos casos, pode gastar muito mais do que seria necessário.”

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