A redução de até 56% nos preços das passagens da Gol – anunciada ontem no início da manhã – acirrou a disputa tarifária no mercado doméstico de aviação. Poucas horas depois de a Gol fazer o anúncio dos descontos, a Varig informou o lançamento de uma promoção com descontos de até 70% nos preços dos bilhetes comprados para a Semana Santa – embarques realizados entre os dias 25 e 26.
Pela promoção, o bilhete Rio-Recife pode ser comprado por R$ 397. O preço cheio desse mesmo trecho é de R$ 1.323. A Varig fixou em R$ 199 o preço do bilhete por trecho da ponte Rio-São Paulo.
O preço promocional da Varig só vale para os embarques feitos nesses dois dias e bilhetes de ida comprados pela internet. As passagens compradas na promoção não dão direito ao acúmulo de milhas no programa de fidelidade Smiles.
A promoção da Varig foi anunciada após a divulgação da decisão da Gol de realinhar todos os preços dos vôos domésticos. Com essa medida, a passagem da Gol entre São Paulo e Curitiba pode ser comprada por R$ 104. O preço cheio é R$ 238. Outro exemplo é a tarifa Rio-São Paulo, que pode ser encontrada por R$ 112, uma redução de 35% em relação à tarifa cheia.
O preço reduzido da Gol, entretanto, está sujeitos a diversas condições, como a compra da passagem pela internet e a viagem fora dos horários de pico, entre outros.
Segundo a companhia, a redução de preços não é uma promoção, mas um reposicionamento de tarifas. Com essa medida, a empresa – criada em 2001 com o conceito de low cost, low fare (baixo custo, baixa tarifa) – quer se posicionar como companhia aérea de baixo preço.
Regras
O passageiro deve ficar atento às regras do realinhamento de tarifas da Gol. Uma delas é que o preço reduzido é válido apenas para as passagens compradas pela internet.
Além disso, os preços reduzidos não estarão disponíveis em todos os lugares de todos os vôos em quaisquer horários. Estarão disponíveis apenas em horários específicos e em determinados vôos em quantidades limitadas.
?Não se trata de promoção. Temos uma metodologia de precificação dinâmica que leva em conta diversas variáveis como demanda, horários e antecedência da compra?, disse Tarcísio Gargioni, vice-presidente de marketing e serviços da Gol.
Segundo ele, serão beneficiados os clientes que puderem voar em horários e dias fora do pico.
?Nossa expectativa é criar mercado seja pelo aumento do número de viagens ou pela substituição do modal rodoviário pelo aéreo?, afirmou.
TAM ocupa os espaços da Vasp
A TAM foi a empresa que mais cresceu desde o agravamento da crise da Vasp – que suspendeu a operação de vôos regulares no final de janeiro. A participação de mercado da companhia saltou de 31,25% em fevereiro de 2004 para 41,79% no mês passado. Em janeiro, a TAM deteve 44,35% do mercado doméstico de aviação, segundo o DAC (Departamento de Aviação Civil).
Em fevereiro de 2004, a Vasp detinha 12,34% de participação do mercado doméstico. A participação da companhia só caiu nos últimos meses e chegou a zero após o DAC (Departamento de Aviação Civil) suspender em janeiro suas operações com vôos regulares – desde então a Vasp só faz vôos fretados e transporte de cargas.
Já a participação das demais companhias cresceu num ritmo muito menor que o da TAM. A Varig, por exemplo, que ocupa a segunda colocação do ranking doméstico, ficou com 31,92% do mercado doméstico de fevereiro, contra 30,54% de janeiro. Em fevereiro de 2004, a fatia da Varig nesse mercado era de 29,9%.
A Gol ficou com 24,21% do mercado doméstico de fevereiro, contra 23,25% de janeiro. Em fevereiro do ano passado, a empresa detinha 24,56% do mercado de aviação doméstico.
Segundo a TAM, esse crescimento é resultado de um conjunto de fatores que incluem aquecimento da economia, agilidade no planejamento de vôos, com ampla oferta de destinos e freqüência.