O preço do gás natural para os consumidores do Paraná permanecerá com os mesmos valores de 2004, mesmo com o anúncio feito pela Petrobras de reajuste em dólar do produto boliviano vendido para as distribuidoras do Brasil. A informação foi dada ontem pela Companhia Paranaense de Gás (Compagas), empresa responsável pela distribuição do gás natural no Paraná e cuja maioria das ações pertence à Copel. "Temos a expectativa de que a taxa cambial se manterá estável, por isso vamos absorver esse aumento no preço de compra, não penalizando os nossos consumidores", disse o presidente da Compagas, Rubico Camargo.
A Petrobras é responsável pela importação e transporte do gás natural produzido na Bolívia e consumido pelos três estados do sul, pelo Mato Grosso do Sul e por parte de São Paulo. A empresa enviou uma correspondência às distribuidoras explicando que o preço do produto sofrerá já a partir de janeiro um reajuste em dólar. Esse reajuste deverá ser de cerca de 10,5%, dependendo da consolidação do valor da inflação norte-americana de 2004. Além disso, também terá um reajuste de 2% em dólar no valor da tarifa do transporte fixo anual.
"Não é justo os estados do sul serem penalizados com mais esta ação, o reajuste. Um exemplo é o fato que estamos há um ano discutindo a assinatura de um termo aditivo anunciado pela própria Petrobras prevendo a redução no preço do gás boliviano para incentivar o consumo. Em vez desse termo ser consolidado, recebemos a notícia sobre o reajuste no preço do gás. No nosso entendimento, é fundamental para o setor de gás natural uma política clara de preços para que seja possível para os consumidores a previsibilidade a longo prazo e o planejamento de custos", comentou Camargo. "Para manter o incentivo ao mercado no Paraná, vamos fazer um esforço para não repassar esses valores aos nossos clientes."
Redução de preço
Essa é mais uma ação da Compagas para incentivar o mercado de gás natural no Paraná. Nos últimos dois anos, o preço do gás natural teve uma diminuição do preço em reais. A tarifa aplicada desde o início de 2003 é cerca de 40% inferior à calculada no contrato de concessão. Além disso, desde março de 2004, a Compagas oferece para os clientes adimplentes do segmento industrial um desconto que varia de 4,5% (maiores clientes) a 13% (menores clientes) no preço do gás natural, de acordo com o consumo. Essa é uma medida para incentivar as pequenas empresas a consumirem o gás natural, pois têm descontos maiores.
Como exemplo, uma pequena empresa que consome 5 mil m3/dia pagava em fevereiro de 2003 R$ 0,84 o m3 de gás natural. Hoje, paga R$ 0,79 o m3. Uma grande empresa, com consumo de 60 mil m3/dia pagava em fevereiro de 2003 R$ 0,78 o m3 e hoje paga R$ 0,75.
No comparativo com outros combustíveis, o gás natural também é o mais viável. No Paraná, o gás natural atingiu no final de 2004 o menor preço em comparação aos concorrentes nos diversos mercados (óleo combustível, gasolina, álcool, diesel e gás liquefeito de petróleo). Para um consumo médio de 5 mil m³/dia, o gás natural custa em média 20% menos que o óleo combustível e chega a custar um terço a menos que a gasolina e o GLP.
Mercado
A Compagas atende hoje clientes dos segmentos residencial, comercial, veicular, industrial e de geração de energia em sete municípios do Paraná – Curitiba, Araucária, São José dos Pinhais, Campo Largo, Balsa Nova, Palmeira e Ponta Grossa. Para 2005, a empresa pretende expandir o mercado nas regiões em que já há rede de distribuição e levar para outras cidades do Estado o gás natural comprimido (GNC). O mercado em potencial do GNC é de 30 mil m3/dia, em 9 municípios (Região Metropolitana de Curitiba, litoral, Ponta Grossa e Arapoti) e já começará a ser atingido em janeiro. Outro projeto, de médio prazo, é relativo ao Gás Natural Liquefeito (GNL), objetivando atender ao norte do Paraná até a região ser suprida com gás canalizado. Neste mercado, estão incluídas as cidades de Londrina, Cambé, Rolândia e Cornélio Procópio. O potencial é de 60 mil m3/dia.