Os preços das commodities atingiram o menor nível no século 21, afetadas pela crise na China e pelos temores de que o maior importador do mundo passe por dificuldades financeiras e registre um crescimento econômico moderado.

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Segundo o Índice Bloomberg, que compila os preços de 22 matérias-primas, os valores estão no nível mais baixo desde agosto de 1999. O principal motivo é a queda na demanda chinesa que, por mais de uma década, garantiu a expansão dos preços.

De forma geral, o índice, que inclui de ovos a ouro, recuou 1,9% nesta segunda-feira, 24, atingindo US$ 86,1 – o que ainda foi aprofundado com as declarações do governo iraniano de que voltaria ao mercado sem um acordo para limitar a produção de petróleo com a Arábia Saudita. Ontem, o índice estava 40% abaixo dos níveis de 2012, acumulando uma queda de 17% apenas em 2015.

O resultado foi o recuo de 4,0% do barril do petróleo, para US$ 43,40 nas bolsas europeias, o menor valor desde 2009 e distante do recorde de US$ 114 atingido em 2014. O preço também está 55% abaixo dos índices de agosto de 2014. Nos Estados Unidos, o barril chegou a ser negociado a US$ 37,75, com queda de 6,7%. “Esse é um momento épico no mercado do petróleo”, disse Matt Smith, diretor de pesquisas da consultoria ClipperData.

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Em menos de um ano, as empresas do setor demitiram ou fizeram anúncios de futuras demissões envolvendo 100 mil empregados.

O freio na maior fabricante de aço e no maior produtor de carros do planeta – a China – também afetou o setor de minérios. Em Londres, o preço do cobre caiu em 2,6% para atingir seu menor patamar desde 2009. A produção hoje já é bastante superior à demanda mundial. As estimativas são de que, entre janeiro e junho, 151 mil toneladas de cobre foram produzidas além da demanda. Para 2015, as projeções apontam que o metal, que serve como termômetro do segmento de minérios, deve ter uma expansão de mercado de apenas 2%, uma das menores em uma década.

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Hoje, quase um quinto de todas as minas no mundo opera com prejuízos. Até o ouro, considerado refúgio em qualquer tipo de crise, sofreu ontem uma queda de 0,4%.

No setor de alumínio, além da desaceleração chinesa, as empresas ocidentais terão de concorrer com a produção local que, apenas em seis meses, aumentou 36%.

Campo

No setor agrícola, a queda já vem alarmando o segmento há meses. Na semana passada, a cotação do milho registrou apenas metade do valor que atingiu em 2012. Nos Estados Unidos, a Universidade de Minnesota indicou que a renda dos fazendeiros passou de US$ 175 mil por ano em 2012 para US$ 55 mil em 2014. Os dados foram confirmados por levantamentos feitos pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano).

Para 2015, a projeção do Departamento de Agricultura é de que a renda média do fazendeiro americano seja a menor desde 2009, com uma queda de 32% e somando em todo o país cerca de US$ 74 bilhões.

Na Bolsa de Chicago, soja e trigo também perderam valor, enquanto a borracha caiu para o menor nível em 10 meses na Bolsa de Tóquio. Na Malásia, o óleo de palma perdeu 3,0% de seu valor em um dia.

Empresas de diversas partes do mundo começam a ser afetadas pela queda nos preços no campo. A Deere & Co, produtora de equipamentos, registrou queda de 30% no faturamento nos seis primeiros meses do ano. Archer Daniels Midland, Bunge e Cargill registraram resultados abaixo do esperado. “O ambiente econômico continua afetado em muitos mercados emergentes, onde investimos de forma pesada nos últimos anos”, disse o presidente executivo da Cargill, David MacLennan.

Perda no Brasil

No segundo trimestre, a Bunge teve queda de 70% em seus lucros, em parte por causa da economia brasileira. Segundo a empresa, os resultados foram consequência de uma “pressão dramática” sofrida no Brasil. No mundo, as vendas despencaram 35,8%.

No setor de minérios, ações de dezenas de empresas também sofreram, como a gigante BHP Billiton. A companhia perdeu 9,2% em apenas um dia e atingiu o menor valor desde 2008.

Na Glencore, na Suíça, a empresa fechou o primeiro semestre com queda de 29% nas vendas diante da redução dos preços do alumínio, níquel e outras matérias-primas. O faturamento da companhia caiu e as ações tiveram uma desvalorização de mais de 50% desde o ano passado. A fortuna de seu dono, Ivan Glasenberg, foi reduzida em um terço, para cerca de 2 bilhões de libras esterlinas.

A queda também repercutiu nas moedas de países com forte dependência na venda de commodities. O dólar canadense, o rublo russo e o rand da África do Sul foram alvos de quedas importantes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.