Foto: Aliocha Maurício/O Estado |
Álvaro Cabrini, do Crea: há muitos mitos em relação ao porto. continua após a publicidade |
O Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Paraná (Crea-PR) formalizou ontem, na sede da entidade, em Curitiba, a instalação da Comissão Mista para Controle Social do Complexo Portuário do Paraná. Cerca de quarenta entidades foram convidadas a integrar a comissão, entre elas a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Ministério Público, Federação dos Agricultores do Estado do Paraná (Faep) e outras.
?Pretendemos fazer um diagnóstico dos problemas operacionais que envolvem o porto, principalmente aspectos de engenharia, investimentos que precisam ser feitos a curto, médio e longo prazos para alavancar a economia do Paraná?, explicou o presidente do Crea-PR, Álvaro Cabrini Júnior. ?Há muitos mitos em relação ao porto. O que faremos é um levantamento técnico, um diagnóstico que será encaminhado ao governo do Estado, DNIT (Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes) para que sejam implementadas as políticas públicas.? Cabrini salientou que a intenção não é discutir a gestão do porto, mas a logística. ?As diretrizes do porto devem ser de domínio do governo, mas isso não impede que surjam soluções por parte da iniciativa privada.?
Não concorda
O assessor técnico e econômico da Faep, Nilson Camargo, que participou do lançamento da comissão mista, discordou. Segundo ele, a gestão portuária também deve ser discutida. ?Não somos partidários de uma politiqueira, mas acho que precisa haver a discussão de questões políticas? defendeu. ?Os produtores rurais do Paraná vêm auferindo prejuízos ao longo dos anos e, para nós, o grande ponto de estrangulamento de exportação é o porto?, disse, acrescentando que de nada adianta dispor de estruturas ferroviárias e rodoviárias excelentes, se há ?estrangulamento? na porta de saída.
Para Camargo, um dos grandes problemas do porto de Paranaguá estaria na falta de investimentos por parte do governo federal. Ele também criticou a atitude do governo estadual em impedir o escoamento de soja transgênica – determinação que foi revertida na Justiça. ?O governo do Estado não tem direito de intervir na lei do comércio?, criticou. ?Não somos favoráveis ou contra transgênicos, mas se trata de uma responsabilidade que cabe unicamente ao importador e exportador.? Sobre a instalação da comissão mista, Camargo se mostrou cético: ?Não adianta fazer um diagnóstico se a autoridade executiva pode simplesmente jogar no lixo?.
O representante da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), Flávio Turra, também chamou a atenção sobre a queda do volume exportado pelo porto. ?A média atual é de US$ 850 milhões por ano, mas no passado já ultrapassou a US$ 1 bilhão. Houve problemas de quebra de safra, queda nos preços internacionais, câmbio desfavorável, mas a logística do porto também tirou a competitividade do produtor paranaense?, avaliou.
Resultado
O presidente do Instituto dos Engenheiros do Paraná (IEP), Luiz Cláudio Mehl, salientou a importância de se definir uma data para que os trabalhos se encerrem. Em princípio, a comissão mista não teria um prazo para apresentar o relatório final, mas o presidente do Crea-PR, Álvaro Cabrini, adiantou que o resultado poderia sair em quatro ou cinco meses após iniciados os trabalhos. A comissão deve começar a trabalhar efetivamente a partir do dia 7 de fevereiro de 2007, quando ocorre a primeira reunião. Além de representantes da Faep, Ocepar, IEP e Crea-PR, participaram do evento, ontem, representante do Corecon-PR (Conselho Regional de Economia no Paraná), do Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge-PR) e Universidade Federal do Paraná. A Appa não enviou representante.