O governo acertou com as construtoras e sindicalistas a instalação de uma comissão tripartite permanente para discutir violações a direitos trabalhistas nas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A próxima reunião do grupo ocorre na próxima quinta-feira, também no Palácio do Planalto. Os participantes do encontro de hoje concordaram que há, nas obras do PAC, uma atuação de “gatos”, que intermedeiam de forma ilegal a contratação de operários e fazem promessas mirabolantes aos trabalhadores.
“Todo mundo falou mal do gato”, relatou em entrevista o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), da Força Sindical. “Somos absolutamente contra o gato”, afirmou em seguida o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Paulo Safady Simão, que também participou da reunião. O representante das empresas, no entanto, reclamou que os sindicalistas não aceitam discutir proposta para legalizar a terceirização nas obras, o que, segundo ele, reduziria a atuação dos “gatos”.
O encontro no Planalto expôs uma divergência dentro do próprio setor da construção. A empresa Camargo Corrêa ressaltou, nos últimos dias, que o problema ocorrido em Jirau (RO), onde está sendo construída uma usina hidrelétrica, foi um ato “criminoso” e de “vandalismo” dos trabalhadores. Já Simão, que representa os empresários da construção, admitiu, em entrevista, “eventuais problemas” nas relações de trabalho em Jirau e nos canteiros do PAC em Pecém, Ceará, e em Suape, Pernambuco, embora tenham sido “pontuais”. “É preciso apurar com rigor o que está acontecendo nessas obras. O resto do Brasil está pacificado”, disse.