Comissão europeia exige corte de gastos da Grécia

A Comissão Europeia informou ontem, em Bruxelas, ter solicitado ao governo da Grécia uma nova onda de cortes de gastos como forma de atingir o objetivo de reduzir o déficit fiscal do país em 4% em 2010. O anúncio foi feito pelo comissário europeu de Assuntos Econômicos, Olli Rehn, e confirma as informações de que a auditoria feita por técnicos da comissão, do Banco Central Europeu (BCE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) havia considerado o plano de redução de gastos insuficiente para diminuir as despesas públicas no ritmo exigido por países vizinhos.

De acordo com Rehn, os cortes orçamentários feitos até aqui, no valor de 4,8 bilhões de euros, não serão suficientes para reduzir a 8,7% este ano o déficit do país. Em dezembro de 2009, a cifra atingiu 12,7% – a mais elevada dentre os 16 países da zona euro -, jogando o país em uma crise de confiança no mercado financeiro.

As medidas de rigor adicionais, argumentou Rehn, visam a permitir que a Grécia retome a confiança externa. “Os mercados deveriam estar convencidos de que a Grécia estará apta a cumprir seu objetivo de redução do déficit”, afirmou. “Quando virmos o programa preciso de medidas adicionais que a Grécia vai anunciar e adotar, nós poderemos examiná-lo e verificar se ele atinge o objetivo de maneira convincente.”

O anúncio de que medidas adicionais serão necessárias reforça a imagem de que a União Europeia (UE) está apertando o cinto de Atenas como forma de enquadrar a qualquer custo suas contas públicas. A convicção em Bruxelas é de que, ao conter a crise na Grécia, a pressão sobre outros países da zona euro que enfrentam déficits explosivos ou alto endividamento – como Portugal, Itália, Irlanda e Espanha – também será amenizada.

Em resposta à cobrança pública, o ministro de Finanças da Grécia, Georges Papaconstantinou, reiterou que novos cortes orçamentários estão em análise pelo governo. O novo pacote de medidas pode compreender novas reduções dos salários do funcionalismo público – um aperto que já resultou em protestos sindicais em Atenas na última semana -, e deve incluir também o aumento de impostos, em especial sobre bebidas alcoólicas, tabaco e combustíveis.

A disposição da Grécia de seguir cortando seu orçamento também visa a convencer os parceiros europeus de que o país merece receber um aporte financeiro público. No domingo, a ministra da Economia da França, Christine Lagarde, confirmou que as maiores economias da União Europeia estudam diversas alternativas de planos de socorro financeiro à Atenas.

O governo grego pretende oferecer ao mercado entre 20 bilhões de euros e 30 bilhões de euros em títulos públicos, uma forma de refinanciar sua dívida. Segundo Lagarde, uma das possibilidades é que a comunidade europeia compre pelo menos parte dos títulos, reduzindo a exposição da Grécia às instituições privadas no mercado financeiro, que cobrariam juros elevados em troca do aporte. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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