As vendas do comércio varejista registraram queda pelo segundo mês consecutivo no Paraná. A variação negativa foi de 4,68% em maio na comparação com igual mês do ano passado. Foi o pior desempenho entre os 27 estados brasileiros e o pior índice desde março de 2003, quando a queda foi de 4,79%. Em nível nacional, o volume de vendas do comércio cresceu 2,67% na mesma comparação e 0,40% em relação a abril. Os dados fazem parte da Pesquisa Mensal do Comércio, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No Paraná, o setor de combustíveis e lubrificantes registrou queda de 8,34% nas vendas. Em nível nacional, também houve queda, mas pouco menor, de 7,26%. O setor de hipermercados, supermercados, alimentos, bebidas e fumo também registrou queda de 8,28% no Paraná, contra crescimento de 1,23% na média do País. Outro setor que também registrou queda expressiva foi o de tecidos, vestuário e calçados: -16,20%. Em nível nacional, também houve queda, mas bem menor: -6,09%.
Para o economista Nilo Lopes de Macedo, do IBGE, o mau desempenho do comércio varejista do Paraná se deve sobretudo à crise no setor agrícola. ?Como os estados do Sul têm base agrícola muito significativa, qualquer interrupção no processo de crescimento reflete sobre a renda interna e o comércio?, apontou Macedo. O Rio Grande do Sul, que também sofreu com a estiagem, registrou queda de 4,55% nas vendas do comércio em maio e queda de 0,72% em abril.
?Os setores que dependem mais da renda do que de crédito foram aqueles que tiveram desempenho negativo?, afirmou, referindo-se aos bens de consumo, como itens de supermercados e combustíveis. Já o setor de móveis e eletrodomésticos – que depende mais de crédito do que da renda – registrou crescimento de 14,30% em maio, pouco abaixo da elevação de 18,30% que foi a média nacional.
Outros setores que fazem parte da pesquisa, mas que têm pesos bem menores no índice geral, são artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos -crescimento de 7,49% no Paraná e de 5,09% na média nacional -, livros, jornais, revistas, papelaria – queda de 19,72% e 0,16% – equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação – avanço de 29,35% e 51,19% – e outros artigos de uso pessoal – crescimento de 15,35% no Paraná e 9,10% na média nacional. Além disso, o setor de veículos, motos, partes e peças apresentou queda de 6,19% no Paraná e o de materiais de construção, crescimento de 12,89%.
No ano (janeiro a maio), as vendas do comércio no Paraná ficaram praticamente estáveis – crescimento de apenas 0,03%, bem abaixo dos 4,51% registrados na média nacional. Nos últimos 12 meses, o crescimento de vendas no Paraná é de 6,48%, acima da média nacional, de 7,52%.
País
Em nível nacional, as vendas do comércio cresceram pelo 18.º mês consecutivo na comparação com igual mês do ano anterior. Apesar do desempenho ainda positivo, o IBGE identifica tendência de perda de fôlego das vendas na análise de longo prazo. Nos últimos meses, a taxa de crescimento passou de 7,72% em março para 3,42% em abril e em maio, para 2,67%.
O crescimento das vendas em maio, segundo o IBGE, foi sustentado pelas vendas de móveis e eletrodomésticos. Esta atividade já havia sido responsável pelo desempenho positivo do mês anterior. Ela tem sido beneficiada pela ampliação do crédito direto ao consumidor e dos empréstimos consignados em folha, na avaliação do IBGE. As vendas cresceram em 25 das 27 unidades da federação – a exceção ficou por conta do Paraná e Rio Grande do Sul. As maiores altas foram registradas em Tocantins (35,32%) e Paraíba (26,63%).