As dificuldades conjunturais da economia brasileira – oscilação sem controle do dólar, manutenção da crise na Argentina e indefinição do horizonte eleitoral – estão fazendo com que a recuperação do comércio varejista em Curitiba e Região Metropolitana esteja demorando mais que o esperado pelos próprios empresários do setor. O desempenho no mês de junho de 2002 foi inferior ao do mês anterior – maio, em relação a compras e vendas, demonstrando a preocupação do setor, mostra a Pesquisa Conjuntural realizada pela Federação do Comércio do Paraná. Os dados que estão sendo levantados relativos a julho já apontam para sensível recuperação no setor.
“Em termos de vendas, a curva representativa do desempenho nos dois últimos anos demonstra uma inversão significativa no mês de junho: o desempenho em 2000 e 2001 foi bastante superior ao que se verificou em 2002, onde apresenta uma inversão da tendência anterior de crescimento”, diz o consultor econômico da Fecomércio Paraná, professor Vamberto Santana.
No que se refere ao desempenho das compras do comércio em junho de 2002 em relação ao mês anterior, ou seja, um indicativo das expectativas do mercado quanto aos negócios futuros, a queda foi ainda mais significativa, -15,43% – especialmente se considerado o comportamento verificado nos dois anos anteriores.
Compras
As compras acumuladas de 2002 – período janeiro-junho, se mostram inferiores às de igual período de 2001 em -9,72%. Em relação ao mês anterior, maio de 2002, o mês de junho apresenta redução que atinge -15,43%; na comparação com o mesmo mês do ano anterior, junho de 2002 apresenta uma queda nas compras que atinge um percentual de -18,16%.
Os melhores desempenhos em termos de compras foram nos seguintes ramos: óticas, cine-foto-som, livrarias e papelarias, farmácias e perfumarias. Os piores desempenhos estiveram por conta dos ramos de tecidos, calçados, vestuário, móveis e decorações e concessionárias de veículos.
Vendas
O acumulado de vendas em 2002 – período janeiro-junho, foi inferior ao mesmo período de 2001 em -5,86%. Em relação ao mês anterior, junho de 2002 vendeu menos que maio: -7,12%. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, as vendas de junho de 2002 foram inferiores às de junho de 2001 em -11,68%.
Os ramos de atividade com melhor desempenho de vendas foram: óticas, livrarias e papelarias e farmácias e perfumarias. Os ramos de pior desempenho foram: concessionárias de veículos e autopeças e acessórios. O clima não conseguiu estimular as vendas dos ramos de vestuário e de tecidos.
Variáveis
Convém destacar as possibilidades de influências positivas sobre o desempenho do comércio no mês de julho, a partir do adicional de dinheiro proveniente da liberação do recurso do FGTS, e da liberação de parcela do 13.º salário por algumas empresas ou serviços públicos.
As eleições de outubro próximo para Legislativo e governos federal e estaduais podem aquecer as vendas em alguns segmentos, na medida em que criam uma demanda bem específica no mercado.