Pesquisa

Comércio teme a crise econômica internacional

As perspectivas dos comerciantes paranaenses para este semestre não estão boas. Uma pesquisa da Federação do Comércio do Paraná (Fecomércio-PR) com empresários do comércio de bens, serviços e turismo, divulgada ontem, identificou que apenas 58,6% dos empreendedores têm expectativa favorável de vendas para o período – um recorde negativo desde 2002. Há um ano, o mesmo índice chegava ao seu pico, com 88%. O pessimismo pode refletir diretamente no nível de emprego do setor.

“A crise internacional tem deixado nos empresários essa preocupação”, avalia o presidente do sistema Fecomércio Sesc Senac, Darci Piana. Para ele, apesar da crise, o Brasil vinha em uma fase boa até dezembro do ano passado, quando ainda havia a euforia do Natal. “O final do ano foi bom, mas já teve um decréscimo nas vendas”, diz.

Isso já refletiu, por exemplo, no menor número de vagas temporárias abertas para o Natal: enquanto as previsões eram de 22 mil vagas, o comércio empregou apenas cerca de 13 mil pessoas.

Na pesquisa divulgada ontem, 29,5% dos entrevistados apontaram um panorama desfavorável para as vendas neste semestre. O restante respondeu estar indiferente, ou não soube responder.

O índice de expectativa favorável de vendas da Fecomércio-PR vinha mantendo bons níveis desde o primeiro semestre de 2007, quando foi de 84,5%. No segundo semestre de 2006, o número também tinha chegado a um nível baixo, de 60,1%. No início do último semestre, a pesquisa apontou que 84,9% dos empresários estavam otimistas.

Entre os pontos que mais vêm afetando o comércio no Estado, conforme Piana, estão a valorização do dólar perante o real, a redução das exportações e do crédito no exterior, a diminuição nos preços de commodities como o aço, o soja, o açúcar e o álcool, e os juros elevados.

Piana lembra que, em 2008, quando a expectativa dos comerciantes do Estado ainda era alta, a agricultura vivia um bom momento, e fez com que o comércio crescesse bastante.

Juros

Piana considera a diminuição dos juros fundamental para que esse quadro de pessimismo seja revertido. “Não é possível que o governo não reduza os juros agora. Isso seria ir contra a história do mundo”, cobra.

Outros pontos importantes que os comerciantes esperam do governo federal, segundo ele, são a manutenção das linhas de crédito e a aplicação imediata dos recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

“O governo pode resolver isso em curto prazo”, afirma Piana, lembrando que também torce para que o nível de emprego formal se mantenha positivo. Se as medidas sugeridas pela Fecomércio-PR forem adotadas, Piana acredita que o problema seja ao menos amenizado.

Assim, um iminente desemprego no setor pode ser evitado. O executivo calcula que perto de 300 mil das mais de 400 mil empresas filiadas à entidade tenham empregados. “Se em cada três delas, uma demitir um funcionário, teríamos 100 mil demissões no Paraná”, projeta.

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