Resultado da taxa de desemprego elevada, renda em queda e juros altos, as vendas do comércio nacional despencaram em junho e fecharam o primeiro semestre com queda de 5,57%. O mês de junho registrou a sétima queda consecutiva de vendas no varejo, de 5,37%. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o primeiro semestre do governo Lula foi o pior para o faturamento do comércio há cinco semestres, desde que a pesquisa foi iniciada, em janeiro de 2001.
O enfraquecimento da demanda de consumo interno atingiu principalmente o setor de hipermercados e supermercados no país, que sofre bastante com a retração da renda. Suas vendas caíram 8,27% em relação a junho do ano passado e acumularam 6,33% no ano.
Segundo o técnico do IBGE Nilo Macedo, o setor foi mais afetado pela inflação passada, que corroeu a renda real do brasileiro, do que com os juros altos.
“A classe menos favorecida foi a mais atingida nesse processo de inflação do ano passado. Essa perda de poder de compra vai atingir o setor de supermercados, que é onde a população compra mais”, disse Macedo.
Já a política de juros altos afetou o consumo de bens duráveis, mais dependentes das condições de crédito. O segmento de móveis e eletrodomésticos vendeu 4,73% a menos em junho e fechou o semestre com redução de 10,40% em relação ao primeiro semestre do ano passado.
A perda no comércio foi generalizada no país. Dos 27 Estados da Federação, apenas Rondônia registrou aumento de volume de vendas no primeiro semestre. São Paulo e Rio, que representam cerca de metade do receita do varejo nacional, faturaram menos 5,24% e 8,47%, respectivamente, no período.
Emprego
Anteontem, a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) divulgou a quarta queda consecutiva no emprego industrial em São Paulo. Apenas em julho, foram fechadas 1.213 postos de trabalho. Nos últimos quatro meses, chegou a 11.574 o número de postos fechados. De janeiro a março, o setor havia gerado 8.938 vagas.
