O comércio internacional voltará a crescer a uma taxa considerável neste ano. Mas a recuperação ainda não será suficiente para desfazer as perdas de 2009. Uma recuperação integral somente viria em 2011 para as exportações mundiais. Até lá, a China deve se consolidar como o maior exportador do planeta.
Em 2009, a queda do comércio foi de 12,25% no mundo, o pior resultado em 70 anos. Os dados são do Escritório Holandês de Política Econômica e Análise, entidade que é referência no cálculo do comércio internacional.
A crise não surgiu no setor comercial, mas as exportações foram os principais vetores de transmissão dos problemas surgidos nos Estados Unidos. Com a falta de crédito no mercado americano, muitas empresas deixaram de vender e, portanto, de importar insumos.
Nos países exportadores, o impacto foi logo sentido, com queda na demanda. O efeito então foi o fechamento de fábricas e demissões nos setores que dependiam das exportações.
Mais uma consequência: governos tiveram de sair ao socorro desses setores mais afetados e ainda pagar seguro desemprego para milhões, resultando em um buraco nas contas dos governos para 2010. Para completar, a seca nos créditos encareceu as exportações, principalmente dos países emergentes.
O resultado de tudo isso foi um terremoto em alguns modelos de economia que dependiam das exportações. Mas a recuperação se iniciou no terceiro trimestre de 2009. Os números confirmaram o fim do período de quedas na produção e nos fluxos de comércio.
Em setembro, as exportações mundiais tiveram uma expansão recorde de 5,3%. Puxada pelo Brasil, a América Latina registrou o maior aumento de importações em todo o mundo no terceiro trimestre. A região foi a única a ainda ver uma contração nas exportações.
Segundo o centro, a expansão do comércio em volumes no terceiro trimestre foi de 4,3%, um espelho da volta do crescimento moderado de alguns países que retomaram suas compras.
O ponto de virada para o comércio foi julho, quando a contração acabou e o comércio voltou a crescer. Mas a entidade alerta que os números apresentam ainda uma alta volatilidade de mês a mês. Em agosto, o comércio mundial havia sofrido uma contração de 1,5%. Em setembro, a expansão foi de 5,3%.
Salvo a América Latina, todas as demais regiões do mundo registraram uma alta nas exportações no terceiro trimestre. Na América Latina, a contração foi de 0,6% em comparação ao trimestre anterior.
Só em setembro, porém, o número já foi positivo, em 8,3%. O continente foi ainda o que registrou a maior expansão nas importações, de 9,7% em setembro de 2009. No trimestre, a expansão foi de 6,8%.
Apesar da recuperação do terceiro trimestre, o fluxo de comércio no mundo ainda está bem abaixo dos volumes de meados de 2008, quando estava em seu melhor momento. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.