Promoções não melhoram o desempenho do setor. |
O volume de vendas do comércio varejista do Paraná registrou em agosto queda de 4,33% em relação ao mesmo mês do ano passado. Com isso, a variação acumulada em 2003 foi de -0,64% e, em 12 meses, -0,09%, segundo dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Paraná seguiu a tendência nacional, que registrou queda de 5,90% no volume de vendas com relação a agosto do ano passado. No acumulado do ano, a variação foi de -5,49% e nos últimos 12 meses, -4,15%.
Vinte e cinco das 27 Unidades da Federação apresentaram queda no volume de vendas em agosto. Nesse sentido, o quadro se agrava em relação ao de julho, quando foram constatadas variações negativas no comércio varejista de 22 estados. Em termos de contribuição negativa à taxa global do setor sobressaíram-se os resultados de São Paulo (-4,83%); Rio de Janeiro (-9,97%); Rio Grande do Sul (-6,57%); Bahia (-9,45%), e Distrito Federal (-13,94%). Em conjunto, estes estados responderam por cerca de 75% da taxa mensal de -5,90%. Os estados com crescimento foram Rondônia (2,08%) e Goiás (3,01%).
Entre os 27 estados, o Paraná apresentou o 9.º melhor índice, atrás de Rondônia, Goiás, Mato Grosso do Sul, Pará, Minas Gerais, Amapá, Santa Catarina e Piauí. Para o técnico do departamento de Serviços e Comércio do IBGE, Nilo Lopes de Macedo, a base agrícola pode ter contribuído para que não houvesse uma queda de vendas maior nesses estados. Mais uma vez, todas as atividades que compõem o indicador geral do varejo assinalaram resultados negativos no volume de vendas no índice nacional.
Surpresa
No Paraná, a surpresa ficou por conta da queda no segmento de combustíveis e lubrificantes (-7,27% em agosto); o acumulado no ano foi de 7,44%. “O segmento vinha apresentando resultados positivos talvez com a safra agrícola”, suspeita Nilo. Em nível nacional, a queda foi de -8,85%. No segmento hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, a queda foi de -4,30%, enquanto a variação nacional foi de -5,76%. O setor de demais artigos de uso pessoal e doméstico registrou queda de -6,16% no Paraná e -6,18% no Brasil.
Por outro lado, teve crescimento o setor de tecidos, vestuário e calçados (0,72% no mês) e o segmento de móveis e eletrodomésticos (2,63%). No Brasil, houve queda de -6,67% no setor de tecidos e -1,35% no de móveis e eletrodomésticos.
Das atividades pesquisadas, a de veículos, motos, partes e peças é a que vem registrando a maior retração ao longo de 2003. Com queda de -16,22% no volume de vendas em agosto com relação a igual mês do ano passado, o segmento acumula nos oito primeiros meses do ano redução de 12,15% e nos últimos 12 meses taxa de variação de -10,90% (dados nacionais).
Receita nominal
Em relação a receita nominal de vendas, o comércio varejista do Paraná apresenta resultados positivos, com taxas de crescimento de 15% sobre agosto do ano passado, 21,92% no acumulado do ano e 18,45% no acumulado de 12 meses. As variações nacionais foram 11,30% (mês), 14,53% (ano) e 12,77% (acumulado de 12 meses).
Fim de ano abre 235 mil vagas
Até o final desse mês o comércio inicia a seleção de funcionários para preencher as vagas temporárias, geradas com o aumento das vendas de Natal e Ano Novo. A expectativa é que 235 mil vagas temporárias sejam abertas em todo o País – cerca de 15 mil em Curitiba. Parte desses contratados devem permanecer no emprego até os meses de março e abril, para cobrir férias dos funcionários efetivos.
O vice-presidente de Serviços da Associação Comercial do Paraná, Élcio Ribeiro, afirma que as contratações devem começar com força na segunda quinzena de novembro. “Até o final do mês os comerciantes devem iniciar a seleção, mas os contratos só saem em novembro. Esse é o tempo suficiente para o funcionário estar apto para a função”, disse. Ribeiro acrescentou que se o mercado se comportar de acordo com as previsões, muito mais vagas deverão ser abertas. Segundo ele, houve uma queda na inadimplência, e a promessa de juros baixos está fazendo com que o consumidor retarde a compra. “O reflexo disso será um grande desempenho nas vendas para o Natal”, afirmou.
O presidente do Sindicato dos Lojistas de Curitiba e Região Metropolitana, Ari Bitencourt não está tão otimista, pois acha que o comércio está passando por grandes dificuldades. Mas a criação das vagas temporárias já é tradição, e deverá se repetir esse ano. Porém Bitencourt aposta que elas deverão ser preenchidas por um período de no máximo sessenta dias.
Efetivos
Na Agência do Trabalhador de Curitiba a procura por vagas temporárias ainda é pequena, assim como a oferta. Em média, são registradas vinte vagas por dia. Mas esses números devem crescer. Quem garante é o próprio setor.
O gerente de vendas da loja Omar calçados, Ari Tavares de Souza, disse que o número de funcionários deverá passar de 30 para 45, no próximo mês. Esse número, afirma Souza, já foi maior, mas em função da concorrência, tiveram que reduzir as contratações. Apesar disso, ele garante que além de cobrir as férias dos funcionários efetivos – nos meses de março e abril – os temporários têm grandes chances de serem efetivados. “Ficam sempre os melhores, independente do tempo de serviço”, disse.
A experiência com vendas não é requisito fundamental para quem procura uma vaga temporária, diz a gerente da loja Savina, Sônia Maria da Silva. “A pessoa sem experiência acaba pegando mais fácil o mecanismo de trabalho da loja, o que facilita o trabalho”, diz. Em novembro a loja deverá abrir três vagas. (Rosângela Oliveira)