Comércio puxa queda da taxa de desemprego

Depois de figurar como recordista em demissões no mês de março, o comércio voltou a contratar mão de obra em junho na região metropolitana de São Paulo. As informações são da Pesquisa de Emprego e Desemprego da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) e do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Segundo o levantamento, em março o setor dispensou 112 mil trabalhadores, puxando o aumento da taxa de desemprego em São Paulo para 14,9% no mês, a segunda maior do ano na região – em abril, o índice foi a 15%. Nos meses seguintes, o setor teve comportamento praticamente estável, com cinco mil demissões em abril e outras mil em maio. Foi somente em junho que o comércio se recuperou e abriu 77 mil vagas.

As contratações do comércio na região metropolitana de São Paulo em junho puxaram a queda do desemprego no conjunto das seis regiões metropolitanas que fazem parte do levantamento da Fundação Seade e do Dieese – São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador e Distrito Federal. No conjunto dessas regiões, o comércio contratou 80 mil trabalhadores. “Ao que parece, houve um exagero no ajuste feito pelo setor do comércio no mês de março”, afirmou o coordenador da pesquisa pela Fundação Seade, Alexandre Loloian. O comércio foi o responsável pela primeira redução do desemprego de 2009, depois de meses de crescimento e estabilidade da taxa.

O coordenador do Dieese, Sergio Mendonça, evitou manifestar um “otimismo exagerado” em relação aos dados. “A sazonalidade do mês de junho se confirmou. Tradicionalmente, em junho o desemprego cai. A boa notícia é que isso ocorreu mesmo em um ano atípico, em meio a uma crise”, afirmou. Na avaliação dele, o emprego no comércio deve “andar de lado” nos próximos meses – o indicador ainda apresenta queda na comparação com junho de 2008, com 34 mil vagas a menos. “O que há de positivo é que o comércio mostrou uma capacidade de recuperação muito mais rápida que a da indústria.”

Indústria

A indústria parece que ainda não encerrou o período de ajuste de vagas. Na região metropolitana de São Paulo, o setor demitiu 31 mil trabalhadores em junho. Na comparação com junho de 2008, já são 141 mil vagas fechadas. No conjunto das seis regiões metropolitanas, as dispensas chegaram a 25 mil em junho, e, na comparação com junho de 2008, já são 210 mil demissões. Todas as seis regiões metropolitanas, exceto o Distrito Federal, demitiram na comparação com junho de 2008. “Ainda existe um movimento muito negativo nas ocupações da indústria, principalmente em São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e Salvador. Parece que ainda não chegamos ao fundo do poço.”

Já o setor de serviços e a construção civil parecem imunes à crise. Em junho, o setor de serviços abriu 22 mil vagas. Na comparação com junho de 2008, o setor, que é o maior empregador, abriu 310 mil vagas e só registra queda em Salvador. A construção civil registra 143 mil vagas a mais que em junho de 2008, embora tenha dispensado 9 mil trabalhadores no mês passado. Todas as seis regiões metropolitanas tiveram forte crescimento de empregos nesse setor. “É muito positivo que serviços e construção civil continuem a crescer apesar da crise”, disse Mendonça.

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