As ações tomadas pelo governo federal para conter a escalada da inflação no País, por meio do aumento na taxa de juros e o encarecimento do crédito (com a retirada de R$ 60 bilhões da economia brasileira), não abalaram a confiança dos empresários paranaenses do comércio.

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Foi o que apontou a 19.ª edição da Pesquisa de Opinião do Empresário do Comércio, divulgada ontem. Com periodicidade semestral, a pesquisa desenvolvida pela Federação do Comércio do Paraná (Fecomércio-PR) revelou que quase 80% dos entrevistados (79,67%) estão otimistas e, desse percentual, 50,26% esperam vender entre 5% e 10% a mais do que o total comercializado no primeiro semestre de 2010.

No primeiro semestre de 2010, a expectativa favorável do setor ficou em 83,33%. Da outra ponta da tabela, no grupo que não visualiza um semestre favorável para o setor (6,10%), pouco mais da metade (53,33%) estimam que as vendas até junho não vão crescer nem 5%.

“As ações do governo federal não afetaram as vendas em janeiro e a expectativa de curto prazo é de que não haja nenhuma redução substancial no consumo, porque os níveis de ocupação estão muito bons, o que sustenta a confiança das pessoas em adquirir novos bens”, avaliou o presidente da Fecomércio – PR, Darci Piana. “Outro fator que está sustentando o otimismo é previsão de aumento do volume de dinheiro em circulação no Estado, por conta do ótimo momento da construção civil, que segue aquecida neste ano, por conta dos programas habitacionais e pela infraestrutura que deverá ser criada para a Copa”, acrescentou.

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Vale destacar que, em São Paulo, as decisões do governo federal já interferiram na decisão de consumo dos paulistas. Pelo acompanhamento da Fecomércio-SP, que mede mensalmente a Intenção de Consumo das Famílias (ICF), na passagem de dezembro para janeiro o indicador recuou 3,8%.

Gargalos

Pela pesquisa da Fecomércio-PR, os principais obstáculos citados pelos empresários do comércio são: elevada carga tributária (74,8%), altos encargos sociais (61,38%) e dificuldade de encontrar mão de obra minimamente qualificada (45,93%).

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“Há uma preocupação de que a reforma tributária tão aclamada por vários setores da economia, seja feita pela metade. Alguns pontos são imprescindíveis de revisão, como a concorrência desleal entre os Estados, por conta das grandes diferenças existentes na tributação sobre a circulação de mercadorias. Temos o caso de uma empresa daqui que perdeu mais de R$ 70 milhões em vendas em um ano devido à perda de competitividade nos preços, graças às políticas fiscais diferentes entre os estados”, alerta.

Cursos

Em relação à falta de profissionais qualificados, a Fecomércio-PR diz que pretende intensificar os investimentos na oferta de cursos gratuitos via Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), que em 2010 capacitou 89 mil pessoas em todo o Estado e, para 2011, pretende formar 130 mil.

Para esse objetivo está previsto um orçamento de R$ 24 milhões. A ideia é de que até 2014 o Senac atenda um universo de 160 mil alunos por ano. Também há outro projeto com foco na Copa, que deverá ser lançado nos próximos dias, que oferecerá 24 mil vagas gratuitas para cursos voltados à recepção de turistas.

Outra ação da federação engloba a Secretaria Estadual de Educação e outras entidades formadoras afim de promover contraturnos nas escolas públicas de ensino médio com vistas à sanar problemas de formação na educação básica.

“Tem muita gente que não consegue acompanhar os cursos do Senac por dificuldades elementares em Português e Matemática e é isso que vamos tentar resolver com o apoio do governo estadual. Fui contrário a importação de trabalhadores da Bolívia ou Paraguai, justamente porque temos pessoas aqui, só falta qualificá-las”, disse Piana.