Rio

  – As principais redes de varejo já planejam as campanhas promocionais para o Natal, que serão deslanchadas tão logo terminem as eleições. O estímulo maior é a queda da inadimplência, indicando que o consumidor se prepara para ir às compras no fim do ano. As Casas Bahia, por exemplo, já contam com a redução do número de devedores na estratégia para o fim do ano. Só em agosto, a empresa atendeu 53 mil clientes (22% a mais do que em julho) que negociaram o pagamento de dívidas.

? Muita gente está voltando a pagar em dia. É o pessoal que deve retornar ao consumo no fim do ano ? explicou Michael Klein, diretor-executivo da empresa, com 313 filiais no País.

O Instituto Fecomércio-RJ confirma esta tendência em pesquisa realizada na semana passada com 404 consumidores. Entre os entrevistados, 28,47% continuam endividados e 74,78% vêm saldando os débitos para contrair novos gastos. Para limpar o nome, estão apelando para a renegociação (30,2%); horas extras no trabalho (27,9%) e empréstimos (17,4%).

? O consumidor está se preparando para gastar um pouco mais no Natal ? explicou Luiz Roberto Cunha, diretor do Instituto Fecomércio.

Embora otimista com esta tendência, Cunha lembra que as pessoas estarão mais cautelosas nas compras. Os dados registram que 52,5% planejam gastar menos que no ano passado e 19,8%, a mesma quantia. As despesas deverão variar de R$ 100 a R$ 500 para 41% dos entrevistados. Apenas 13% prevêem despender mais de R$ 500. O mesmo percentual é registrado para os que planejam gastar até R$ 100. É o caso da promotora de vendas Isabel Cristina da Silva, que só pensa em comprar presentes baratos para os três filhos.

? Estou desempregada e se conseguir trabalho não farei grandes festas no Natal. Serão só lembrancinhas ? disse ela, ao sair do Clube de Diretores Lojistas aliviada por saber que está com ficha limpa para novo emprego e novas compras.

Para abocanhar mais clientes, as Casas Bahia passaram a aceitar o pagamento com cartão de crédito em seis parcelas. Antes era só com carnê ou pré-datado. A rede já estuda novas promoções para após as eleições. O sistema atraiu a advogada Andréia Fratucelle, que está pesquisando preços de um guarda-roupa para a nova casa.

? Pago as contas em dia porque faço questão de preservar meu nome. Por isso, sempre procuro prestações mais baixas, mesmo que enfrente juros maiores.

Os representantes das lojas preferem não antecipar as promoções. Adiantam apenas que poderão ser mais agressivos nas ofertas dobradinhas, na premiação ou no crediário, com ou sem juros.

? Estamos com a inadimplência menor ? garantiu Marize Araújo, diretora de vendas do Ponto Frio. Otimista à reação do consumidor, a empresa planeja uma campanha mais ousada para este Natal que será lançada em novembro.

? O Natal vai ser bom. E vamos trabalhar, não pensando em que candidato vai ganhar a eleição. Contamos é com nossa grande promoção.

As pesquisas da Centralização dos Serviços Bancários (Serasa) registram que a inadimplência ainda é alta, mas o índice vem caindo. No primeiro bimestre do ano ficou 44% acima do de 2001;e no quarto caiu para 17,5%.

? O consumidor quer ficar pronto para o fim do ano ? disse o assessor da Serasa, Carlos Henrique de Almeida.

As pesquisas da Associação Brasileira de Empresas de Informação, Verificação e Garantia de Cheques (Abracheque) mostram que, pela primeira vez em quatro anos, o saldo de consumidores que limparam seus nomes ficou positivo. Foram 28.364 em agosto e 723 este mês (até dia 18). É uma inversão de trajetória sobre a registrada em 2001, quando só em agosto foram incluídos 74 mil clientes inadimplentes.

? O brasileiro quer manter o nome bom na praça. É um sinal que o Natal pode ser melhor ? previu Carlos Pastor, presidente da Abracheque.

Apostando no movimento melhor que 2001, prejudicado pelo racionamento, as Lojas Americanas investiram num estoque 20% maior de enfeites importados e nacionais.

? As eleições trouxeram mais emprego. Teremos um Natal mais iluminado ? afirmou Roberto Rangel, gerente nacional de compras.

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