Entidades ligadas ao comércio e à indústria criticaram a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), de aumentar em 0,75 ponto porcentual a Selic (a taxa básica de juros da economia). Com a mudança, anunciada hoje, a taxa Selic passa a 10,25% ao ano.
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio) avaliou que, ao promover um novo aumento dos juros básicos da economia, “o Banco Central renova a façanha de manter o Brasil como o detentor da maior taxa de juros do planeta”. Para a entidade, a alta interfere diretamente no bom momento vivido pela economia brasileira.
“Mais do que tentar arrefecer o consumo, o Brasil deveria partir para uma ação concreta de racionalização dos gastos públicos e de estímulos aos investimentos produtivos”, diz o presidente da Fecomercio, Abram Szajman. Segundo ele, a entidade concorda com a avaliação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que o País não caminha para um “superaquecimento da economia”.
Em nota, o novo presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Benjamin Steinbruch, disse que o aumento da Selic contraria a lógica dos números da economia brasileira. Para ele, os preços estão se comportando sem altas significativas mesmo antes do primeiro aumento da Selic ter ocasionado efeito na atividade produtiva.
“Por outro lado, mesmo essas pressões localizadas de preços já sofrem processo de dissipação, o que nos leva a contestar a conservadora política monetária praticada no País”, disse o presidente da Fiesp.
Já a Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirmou em nota que “vê com preocupação o retorno da taxa Selic ao patamar dos dois dígitos”. Segundo a entidade, a decisão do Copom “confirma que o Banco Central espera que a economia brasileira cresça acima do desejável”. “Essa é uma avaliação equivocada”, registrou a nota.
“O excepcional crescimento de 9% no Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre não deve orientar as expectativas para o restante do ano, porque os incentivos fiscais, criados para amenizar o impacto da crise internacional sobre a economia brasileira, foram extintos em março”, avaliam os técnicos da CNI.
Centrais sindicais
O presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, classificou a alta na taxa básica de juros como “política assistencialista para banqueiros”. Para ele, a elevação de 0,75 ponto porcentual desestimula o investimento produtivo e prejudica as contas públicas.
Já o presidente em exercício da Força Sindical, Miguel Torres, classificou a decisão do Copom em elevar a taxa básica de juros (Selic) em 0,75 ponto porcentual de equivocada. “É um balde de água fria na aquecida economia brasileira, que demonstrou recentemente, através do PIB, uma imensa capacidade para o crescimento com geração de emprego e renda. Os tecnocratas do Banco Central torcem contra o crescimento econômico do Brasil.”