Enquanto as vendas reais do comércio varejista paranaense caíram 3,06% no primeiro semestre deste ano, o número de postos de trabalho no setor aumentou 2,58%% no período, totalizando 250.499 vagas em junho. “Esse crescimento do emprego é um indicativo da expansão do setor e da expectativa de retomada da economia no segundo semestre”, avalia o economista Cid Cordeiro, supervisor técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos).
De janeiro a junho de 2002, foram abertos 1.315 novos estabelecimentos comerciais no Estado, mas o consumo de energia do segmento caiu 0,5%. O número de empregos com carteira no comércio (varejista e atacadista) passou de 291.499 em dezembro de 2001 para 299.373 em junho, incremento de 2,70%. O ramo atacadista teve o maior avanço, de 3,34%.
Porém, em conseqüência das vendas fracas, a arrecadação do ICMS do comércio varejista no Paraná também apresenta queda real, de 6%, no primeiro semestre de 2002. No segmento atacadista, a receita do ICMS evoluiu 11%. As informações constam do estudo “Indicadores Conjunturais do Comércio Paranaense”, divulgado ontem pelo Dieese e Sindicato dos Comerciários do Paraná (Sindicom), com base em dados do IBGE, Ministério do Trabalho e Emprego, Secretaria da Fazenda do Paraná e Copel (Companhia Paranaense de Energia).
Vendas
A redução de 5,44% no volume de vendas de junho em relação a maio não surpreendeu os trabalhadores do comércio. “Era uma queda esperada devido à sazonalidade, por causa do Dia das Mães em maio”, comenta José Milton Camargo, diretor do Sindicom. Na comparação junho 2002/junho 2001, as vendas reais comércio varejista do Paraná tiveram retração de 4,46%, enquanto a média nacional foi de -2,05%. Com exceção de combustíveis e lubrificantes (12,81%), os demais segmentos apresentaram resultados negativos. Os maiores recuos ocorreram em tecidos, vestuário e calçados (-21,78%); veículos, motos, partes e peças (-11,72%); e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-7,69%).
Um dos fatores que colaborou para a redução no consumo foi a queda da renda das famílias paranaenses. “De abril de 2001 para abril de 2002 o rendimento médio caiu em torno de 5%”, destaca Cordeiro. Segundo ele, o desempenho inferior aos demais estados foi influenciado pelo racionamento de energia elétrica. “Em junho do ano passado, havia mais incertezas em outros estados”, salienta o economista, acrescentando que nos últimos doze meses o Paraná vem acumulando índices abaixo da média nacional. De 2000 a junho de 2002, as vendas do varejo paranaense declinaram 6,81%, ao passo que a redução do setor no Brasil foi de 7,68%.
Perspectivas
“A expectativa de melhora de consumo é de agosto para frente, com a volta as aulas, baixa do IPI na venda de veículos e injeção de recursos do FGTS e adiantamentos do décimo terceiro”, assinala Camargo. O economista do Dieese frisa que a queda dos índices de inadimplência deve favorecer o comércio no segundo semestre. “A redução do número de consultas aos serviços de crédito e o aumento nos cheques mostram crescimento nas compras de valores menores”, observa Cordeiro.
Apesar das projeções otimistas, a tendência para o comércio paranaense é encerrar o segundo semestre com queda, diz Cordeiro. “A variação cambial já chegou na indústria. Agora vai haver uma queda de braço entre indústria e comércio. Se o dólar se mantiver acima de R$ 3, os repasses serão inevitáveis”, pondera. “Como o comércio sabe que vai inibir as vendas se repassar a variação ao consumidor, terá que reduzir a margem de lucro”, conclui.