Começa o abate na Fazenda Cachoeira

O sacrifício sanitário do rebanho da Fazenda Cachoeira, em São Sebastião da Amoreira, só deve terminar no sábado. A previsão é da Secretarial Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab), que vem acompanhando os abates nas sete propriedades do Paraná, decretadas como focos de febre aftosa. Ao todo, cerca de 1,8 mil animais da Cachoeira serão mortos. Dez deles terão os materiais colhidos e enviados para o laboratório do Centro Pan-Americano de Febre Aftosa (Panaftosa), no Rio de Janeiro, para exames de necropsia.

Segundo a Seab, os trabalhos na Fazenda Cachoeira começaram no final da tarde de terça-feira, com o abate de um animal e coleta das vísceras para exames. Ontem de manhã, outros quatro animais foram mortos e também tiveram os materiais colhidos. O sacrifício em massa só iniciou por volta das 15h30. Ainda de acordo com a Seab, o início do sacrifício pelos animais que reagiram positivamente à doença foi uma exigência do pecuarista André Carioba. Ao todo, dez animais serão necropsiados.

Como o número de bovinos na Cachoeira é grande, a equipe de atiradores da Polícia Militar – que vêm executando o ?rifle sanitário? desde o início do abate, no último dia 8 – foi reforçada, passando de três para oito pessoas.

A Fazenda Cachoeira foi a primeira a ser declarada foco da doença pelo Ministério da Agricultura, no dia 6 de dezembro. De lá para cá, várias medidas judiciais – ora autorizando, ora impedindo o abate – atrasaram os trabalhos. O último empecilho foi com relação à necropsia dos animais, exigida por André Carioba e determinada pela Justiça Federal. A autorização por parte do Ministério da Agricultura, porém, só veio na última terça-feira.

Os quase 1,8 mil animais da Fazenda Cachoeira serão enterrados em duas valas, abertas na propriedade. Com este sacrifício, sobe para cinco o número de propriedades onde já houve o abate e para quase 2,3 mil a quantidade de animais mortos.

Novo calendário

Com os trabalhos na Cachoeira finalizando apenas no sábado, o cronograma do sacrifício sanitário deverá ser revisto mais uma vez. Inicialmente, o abate na propriedade de São Sebastião da Amoreira estava previsto para começar na terça-feira, (dia 14) e terminar amanhã. Porém, com todos esses atrasos, o sacrifício dos rebanhos nas fazendas Alto Alegre e São Paulo, em Loanda – as últimas da lista – não deverá começar antes de segunda-feira, dia 20. As duas propriedades são as que possuem os maiores rebanhos: 1.903 animais no caso da fazenda Alto Alegre e 2,5 mil na fazenda São Paulo. A manta texturizada, exigida pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente para evitar a contaminação do solo, ainda não foi entregue, o que também pode atrasar o início dos procedimentos.

Depois de abatidos todos os animais, as propriedades passarão pelo chamado ?vazio sanitário? – ou seja, durante um mês não poderão receber novos rebanhos. Depois disso, serão colocados ?animais-sentinelas? para verificar se o vírus da doença foi de fato extinto.

A partir do abate do último animal incluído nos lotes de suspeitos de aftosa, é que começa a contar o prazo para que o Paraná readquira o status de ?estado livre de aftosa com vacinação?. Como isso só começa a ocorrer – provavelmente – a partir da próxima semana, só no segundo semestre o Paraná deve reconquistar o direito de exportação com certificado conquistado em 2000 e perdido no final do ano passado.

Setor administrativo do Mapa entra em greve nacional

A greve do setor técnico-administrativo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), deflagrada ontem em nível nacional, pode atrapalhar os procedimentos de sacrifício sanitário dos animais apontados como focos de aftosa no Paraná. O alerta foi feito ontem pelo presidente do sindicato da categoria no Estado, Gerson Karpstein. Segundo ele, a paralisação não atinge diretamente os fiscais federais que estão em campo, mas eles podem ser afetados. ?Não vai sair carro, porque não haverá combustível. O setor de compras não está funcionando, nem o setor de patrimônio?, afirmou. ?A greve vai trazer transtorno para a superintendência e a mais alguns setores que devem parar, como o da pesca.?

Ontem, o superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná, Valmir Kowalewski, confirmou que os transtornos serão grandes. ?Com a greve, pára a parte de expedição de documentos, de protocolos, passagens aéreas, também os veículos que vão para o interior?, afirmou. Segundo o superintendente, os fiscais federais agropecuários podem ser afetados, na medida em que não haverá suporte administrativo para continuarem trabalhando. ?Agora, tudo depende de Brasília, principalmente do Ministério do Planejamento?, disse. No Paraná, cerca de 120 pessoas trabalham na parte administrativa do Ministério da Agricultura. A adesão delas à greve, segundo Kowalewski, é de quase 100%.

Plano de cargos

Um dos principais motivos que resultaram na deflagração da greve, segundo Gerson Karpstein, foi o não cumprimento do acordo por parte do governo federal para a criação de um plano especial de cargos e salários, e gratificação. ?Para nós, das áreas técnica e administrativa, seria uma forma de equiparar os salários com o nível de quem já foi contemplado, como os (do setor) da inspeção?, explicou. ?Já estava tudo acertado, até que, na semana passada, em uma reunião com o Ministério do Planejamento, o governo recuou. Foi um balde de água fria?, desabafou. A greve, segundo Karpstein, é por tempo indeterminado. ?Só temos a pretensão de retornar quando for concedida pelo menos a gratificação.? (Lyrian Saiki)

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