Rio (AE) – O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, reafirmou ontem que a atual política de preços dos combustíveis será mantida mesmo após a conquista da auto-suficiência na produção nacional de petróleo, cujas comemorações estão marcadas para abril. Ou seja, gasolina e diesel continuam acompanhando, no longo prazo, as cotações internacionais. Os demais combustíveis também oscilarão de acordo com o mercado externo, mas seguindo prazos específicos de cada contrato.

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?Os preços nacionais não podem ser descolados do mercado internacional, mas não precisam subir todo dia?, afirmou o executivo. Os últimos reajustes nos preços da gasolina e do diesel foram promovidos em setembro do ano passado, em meio à temporada de furacões no Golfo do México, que fez as cotações do petróleo dispararem no mercado internacional. Já o preço do gás de cozinha está congelado desde o início de 2003, seguindo estratégia adotada pelo governo para evitar pressão no orçamento das famílias mais pobres.

Em discurso na cerimônia de inauguração do Centro Internacional Celso Furtado, na sede do BNDES, Gabrielli disse que a auto-suficiência dará ao País maior flexibilidade na gestão de crises no mercado de petróleo. ?Podemos tornar os impactos das crises muito mais suaves?, avaliou. Segundo ele, o Brasil se tornará ?um dos poucos países com capacidade de produção e refino para atender sua demanda?. A estatal deve fechar 2005 com uma produção média de 1,91 milhão de barris por dia. A capacidade nacional de refino gira em torno dos 1,98 milhão de barris por dia.

A Petrobras elegeu como símbolo da auto-suficiência a plataforma P-50, que vai produzir 180 mil barris por dia no campo de Albacora Leste, na Bacia de Campos, e planeja iniciar as comemorações após o início das operações da unidade, marcado para meados do mês que vem. Uma campanha publicitária será lançada no dia 22 de abril e a empresa prepara ainda uma festa, que deve contar com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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Gabrielli não quis dar detalhes sobre a campanha, alegando que o assunto é estratégico. ?Vamos explicar as implicações da auto-suficiência para o povo brasileiro?, limitou-se a dizer o executivo, em entrevista após a cerimônia. Fontes próximas dizem que a direção da empresa quer evitar qualquer relação entre a conquista da auto-suficiência e o preço dos combustíveis e deve privilegiar a questão da independência nacional com relação ao mercado externo.

No discurso, o executivo defendeu o papel social das decisões da companhia. ?Somos uma empresa que representa entre 7% e 8% do PIB brasileiro e por isso as decisões da Petrobras têm que levar em conta o conjunto dos impactos que terá no Brasil?, afirmou, ressaltando que, ao mesmo tempo, deve se balizar por outros dois pilares estratégicos: crescimento e rentabilidade.

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