A queda nos preços do petróleo já afeta diretamente os projetos da Petrobras no pré-sal. O campo de Lula, no pré-sal da Bacia de Santos, bateu recorde de produção em agosto e hoje é a principal reserva a contribuir com o resultado da estatal. Por causa da crise internacional no setor, no entanto, a Petrobras ganha 26,5% menos com o campo do que ganhava há um ano, quando a commodity estava mais valorizada.

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Se comparado a janeiro do ano passado, quando o preço do petróleo estava no auge da cotação, a queda de rentabilidade é ainda maior, de 33,1%. A conta é feita com dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A agência estabelece preços de referência para o petróleo de cada campo produtor, a partir dos quais calcula o quanto cada empresa deve pagar em royalties.

O campo de Lula responde atualmente por 44% de toda produção no pré-sal e também pelo maior volume de gás natural produzido em todo País, com uma média de 16,6 milhões de m³ por dia. A extração é feita da plataforma Cidade de Mangaratiba, que iniciou produção em outubro do ano passo. O campo de Lula tem a Petrobras à frente, como operadora e dona de 65% do projeto, ao lado da BG (25%) e da Petrogal (10%).

Na esteira da crise financeira da Petrobras, sofrem também os cofres de governos de Estados e municípios que têm o petróleo como principal fonte de geração de receita. A revisão dos preços pela Agência Nacional do Petróleo para o cálculo dos royalties implica na queda de orçamentos públicos.

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Estudo elaborado pelo Grupo de Economia da Energia da UFRJ demonstra que um dos Estados mais afetados pela redução da arrecadação de royalties é o Rio de Janeiro. Dos 92 municípios fluminenses, 87 recebem algum recurso proveniente dos royalties do petróleo.

“Paralelamente à queda da arrecadação de royalties nos últimos 16 meses, proveniente da redução da cotação do barril no mercado internacional, as cidades do interior do Rio de Janeiro passaram a enfrentar um cenário de revisão de contratos e aumento do desemprego em função da redução do ritmo de investimento na indústria de petróleo da região”, aponta o estudo.

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Apesar da ajuda do câmbio, também considerado no cálculo dos royalties, e do aumento da produção de petróleo pela Petrobras, a arrecadação dos governos está em queda livre por conta da desvalorização do petróleo. Segundo o estudo, em agosto deste ano, por causa da piora de cenário na indústria petroleira, o repasse das petroleiras aos governos estaduais e às prefeituras foi de R$ 1,21 bilhão, 24% menos do que em igual mês de 2014. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.