Com um negócio que corresponde hoje a apenas 0,4% do global, a Starbucks no Brasil planeja se expandir e ter no País uma operação mais maciça, semelhante à dos Estados Unidos. A meta é chegar a 367 lojas em quatro anos apostando fora do eixo Rio-São Paulo. A expansão nacional deverá começar por Brasília, Curitiba e Belo Horizonte. Hoje, são 103 unidades no País em 17 cidades dos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro.

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Para concretizar o plano mesmo durante a crise, a empresa já colocou no mercado produtos mais baratos e tem realizado seis grandes promoções por ano, além de lançar itens temporários, como o café expresso no sabor panetone, que foi vendido no Natal. Também deverá aumentar a oferta de alimentos, em detrimento das bebidas, para tentar manter as lojas cheias o dia todo, inclusive no horário do almoço.

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A rede vem de um período sem inaugurações – não abriu nenhuma unidade no País em 2016, o primeiro ano de Ricardo Rinkevicius no comando da empresa. O executivo conta que foi contratado para dar à operação brasileira uma cara mais parecida com a americana, onde a rede é uma das maiores de café, com 13.172 pontos e presença nacional.

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Nos primeiros meses à frente do Starbucks, Rinkevicius recebeu da matriz a orientação para conhecer melhor o negócio e, agora, já tem autorização para ampliar a marca no Brasil. Apesar de estar há dez anos no País, a companhia vinha em um ritmo lento de expansão – uma média de dez unidades por ano diante da nova média de 64 por ano até 2020.

Além de lojas em diferentes Estados, fazem parte da estratégia da Starbucks unidades em estradas – serão inauguradas neste ano três entre São Paulo e Campinas -, em estádios de futebol (já foi fechado contrato com a Arena Corinthians) e em uma rede de supermercados cujo nome ainda está sob sigilo. De acordo com Rinkevicius, os cafés serão instalados dentro da área de compra do mercado, e não na praça de alimentação. Apesar dos valores altos de aluguéis, aeroportos também estão no radar.

Para 2018, há planos de trazer ao Brasil lojas com o selo Reserve, em que são vendidos cafés de lotes especiais. Unidades de alto padrão são a principal aposta da rede globalmente – o modelo Reserve deverá ter mil pontos em todo o mundo. A companhia também desenvolve um projeto de cafeterias ainda mais superiores, em que o café é torrado em megalojas. Batizadas de Starbucks Reserve Roastery and Tasting Room (sala de torrefação e degustação, na tradução literal), essas lojas estão sendo criadas com a intenção de transformar o café em um programa de lazer. Hoje, há apenas uma em operação, em Seattle, cidade em que a rede foi fundada; neste ano, deverá ser aberta uma em Shanghai e, em 2018, em Tóquio e Nova York. Por enquanto, o Brasil está fora do projeto. “É preciso amadurecer nosso mercado”, diz Rinkevicius.

Dúvidas. Para o consultor Sérgio Molinari, sócio da Food Consulting, especializada em alimentação fora do lar, o Starbucks tem um modelo de negócios sofisticado que se diferencia de qualquer concorrente no Brasil ao ir além de um simples local para tomar café. “É também um ambiente de trabalho ou um lugar para encontrar pessoas.” Molinari, entretanto, diz não ver espaço no País para 367 Starbucks. “Dobrar a rede de tamanho no Brasil me parece possível, mas mais que triplicar talvez seja exagero.”

O empecilho, diz, está no perfil dos clientes que frequentam as lojas da marca. “Starbucks é para classe A e B. A rede pode não conseguir ter um tamanho muito grande em um país em que a classe alta é pequena. O preço do café é elevado para o padrão brasileiro.”

Rinkevicius discorda e acrescenta que, em 2016, a empresa lançou um café menor, de 236 ml, e mais acessível, que sai por R$ 4,50. Até então, o copo de 354 ml era o mais barato (R$ 5). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.