Com medo, montadoras multiplicam número de recalls

Em menos de seis meses, o número de veículos convocados para reparos no Brasil já equivale a 84% dos modelos envolvidos em recall em todo o ano passado. Desde janeiro, 552,3 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e motos foram chamados para correção de defeito de fábrica. Em 2013 inteiro, foram 660,6 mil unidades.

O total de veículos envolvidos em 28 campanhas de janeiro até agora é 147% maior que o de igual período de 2013, que também teve 28 convocações, segundo o Procon-SP. Uma única campanha da General Motors feita em maio, para 238,3 mil carros, já ultrapassa as 223,3 mil unidades de um ano atrás. Mesmo sem esse recall, o volume seria 40% maior.

Nos Estados Unidos, só a GM convocou neste ano cerca de 14 milhões de veículos, mais da metade do volume de todas as fabricantes no ano passado, de 22 milhões de unidades. Analistas acreditam que a marca recorde de recalls de 2004, de 30,8 milhões de veículos, será ultrapassada. China e Japão também contabilizam números recordes de recall neste ano.

Recall preventivo

O impressionante número de veículos que devem passar por reparos para consertar defeitos que colocam em risco a segurança dos usuários é resultado de recalls preventivos que estão sendo feitos pelas fabricantes.

As ações preventivas se intensificaram após as complicações enfrentadas pela GM nos EUA, que demorou 11 anos para reconhecer um defeito na chave de ignição de vários modelos, todos já fora de linha, que resultou em pelo menos 13 mortes. Em fevereiro, a empresa fez recall para 2,6 milhões de carros.

“Há um pânico, uma síndrome entre as empresas e elas estão realizando muitas chamadas preventivas”, afirma Francisco Satkunas, diretor da SAE Brasil, que reúne engenheiros e técnicos do setor automotivo. “Este ano haverá uma explosão no número de recalls.”

Para o presidente da GM América do Sul, Jaime Ardila, na indústria como um todo, inclusive no Brasil, os recalls têm aumentado porque “os carros são mais complexos e as montadoras fazem um maior esforço por atuar preventivamente.” Segundo ele, não é uma situação nova, mas um processo que começou há algum tempo. “Minha interpretação é que todos vamos continuar a aumentar o número de recalls para proteger os clientes.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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