Mesmo sem serem atingidos diretamente pela reforma da Previdência, os trabalhadores da iniciativa privada estão buscando alternativas para garantir um rendimento complementar na aposentadoria. Prova disso, segundo a Anapp (Associação Nacional das Empresas de Previdência Privada), foi a comercialização de planos de previdência complementar, que cresceu 71,74% no primeiro semestre deste ano.
“Quem é que tem certeza hoje que terá uma aposentadoria no futuro? Quem contribui para o INSS só sabe que está cada vez mais difícil se aposentar e ter direito a benefício cada vez menor no futuro”, disse o presidente da Anapp, Osvaldo Nascimento.
Segundo ele, a “população normal” – excluindo quem recebe salário de juiz – tem a percepção de que a reforma da Previdência vai diminuir ou retardar sua aposentadoria. “A incerteza é grande, principalmente quando se destaca o interesse de grupos corporativos em detrimento da maioria”, disse ele, referindo-se ao Poder Judiciário, cujo subteto atrapalha a votação da reforma.
Essa incerteza, segundo ele, explicaria a corrida pelos planos de previdência complementar.
Do total de planos de previdência complementar vendidos no primeiro semestre, 72% corresponderam a planos individuais. Outros 25% foram planos empresariais e 3% corresponderam a planos para menores de idade.
Informalidade
Nascimento disse que os planos VGBL (Vida Gerador de Benefícios Livres) devem superar os PGBL (Plano Gerador de Benefícios Livres) pela primeira vez neste ano.
No primeiro semestre, as vendas de VGBL totalizaram R$ 2,249 bilhões contra R$ 1,980 bilhão do PGBL.
A diferença pode ser explicada pela desigualdade social da população e pela diferenciação de tratamento tributário.
Segundo Nascimento, só 1% da população que declara renda tem imposto a pagar. E é para essa fatia que o PGBL traz vantagens, já que as contribuições podem ser deduzidas do imposto a pagar, com o limite de 12% sobre o rendimento anual.
O VGBL seria o plano ideal para quem entrega a declaração simplificada ou é isento. Os planos VGBL aceitam contribuições mensais a partir de R$ 40.
“Um trabalhador da economia informal, que contribuir por 35 anos para um plano VGBL, terá um benfício muito maior do que se tivesse passado esse tempo pagando para o INSS”, disse Nascimento.