A previsão de que o nível de água armazenada nos reservatórios da região Sudeste/Centro-Oeste vai subir e o consumo de energia elétrica vai encolher continua influenciando, positivamente, a percepção do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) em relação às condições do sistema nacional. O novo Informe do Programa Mensal de Operação (IPMO) divulgado nesta sexta-feira, 17, aponta que a afluência na região SE/CO em julho deve ser equivalente a 133% da média história para o mês. Na semana passada, o ONS estimava uma Energia Natural Afluente (ENA) equivalente a 117% da média de longo termo (MLT).
O maior volume de chuvas deve contribuir para que o nível de água armazenada nos reservatórios da região, responsável por aproximadamente 70% da capacidade de reserva do País, alcance 37,7% da capacidade no dia 31 de julho. Na semana passada, estimava-se que o número ficaria em 37,1%, praticamente idêntico ao patamar de 37,12% apurado ontem.
A recuperação dos reservatórios na região Sudeste/Centro-Oeste acontece em pleno período seco, que se inicia em maio e vai até o mês de outubro. Desde o final de abril, o nível de água dos reservatórios já subiu quase cinco pontos porcentuais.
Situação oposta ocorre no Nordeste, a região onde a situação é mais preocupante neste momento. Ontem, os reservatórios estavam com 24,13% da capacidade. Até o final do mês, esse número deve cair a 22%. A ENA estimada para o mês foi mantida em 49% da MLT.
A situação nas regiões Sul e Norte, por outro lado, continua mais favorável em termos de sistema elétrico, sobretudo em função das fortes chuvas que atingem os Estados do Sul e têm provocados estragos. Com a previsão de afluência equivalente a 243% da média história para meses de julho, a região Sul deve terminar o mês com 97% da capacidade de armazenamento nos reservatórios. Neste momento as reservas estão em 89,48%.
Na região Norte a ENA prevista está em 85%. Confirmada a previsão, os reservatórios terminarão o mês com 76,2% da capacidade de armazenamento, pouco abaixo dos 78,69% registrados ontem.
O boletim semanal divulgado hoje pelo ONS também aponta que a carga brasileira deve atingir 59.953 MW médios em julho, o que representa uma queda de 2,6% em relação ao mesmo período de 2014. Até a semana passada as projeções indicavam uma carga de 60.013 MW médios, retração de 1,8% sobre o ano passado.
O submercado Sudeste/Centro-Oeste continua pressionando negativamente esse número. A previsão para a região foi reduzida de -3,7% para -4,1%. No Sul, a queda deve ser de 2,3%. No Norte, a carga deve apresentar elevação de 0,4%. Já no Nordeste, região que tem puxado o indicador, a alta esperada é de apenas 1,3%. Na semana passada, as projeções sugeriam alta de 5,8%.
CMO
O ONS também divulgou hoje o Custo Marginal de Operação (CMO) no período de 18 a 24 de julho para os quatro subsistemas do País, e indicou que a geração de energia hoje já é feita a um patamar inferior a R$ 200/MWh. Na região Sudeste/Centro-Oeste, a mais importante do País, o CMO foi reduzido de R$ 230,62/MWh para R$ 176,96/MWh, uma redução de 23,3%. No Sul, a queda foi ainda maior: oscilou de R$ 230,62/MWh para R$ 78,68/MWh, uma retração de 65,9%.
No Nordeste, onde o preço continua mais elevado em função do baixo nível dos reservatórios, o CMO caiu de R$ 280,99/MWh para R$ 220,55/MWh, variação de 21,5%. No Norte, assim como na região Nordeste, a retração foi de 23,3%, já que os preços se repetiram.
Como o CMO é o balizador para o preço de liquidação das diferenças (PLD), espera-se uma nova queda do indicador. Desde maio, o PLD permanece abaixo do teto de R$ 388,48/MWh estabelecido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), responsável pela divulgação do indicador, deve anunciar o PLD da próxima semana ainda nesta sexta-feira.