Com LED, fábricas de lâmpadas mudam modelo de negócios

A popularização da tecnologia LED fez as fabricantes de lâmpadas repensarem seu modelo de negócios. Com um produto que promete uma durabilidade de até 20 anos, companhias como General Electric (GE) e Philips estão se estruturando para vender projetos e serviços de iluminação, e não apenas o produto em si. A estratégia exige das empresas novas competências comerciais e de engenharia para disputar esse mercado.

Hoje, entre 25% e 30% dos negócios de iluminação da General Eletric (GE) e da Philips no Brasil vêm de projetos. A maior fatia é a venda pura e simples de lâmpadas para o consumidor final. “Esperamos que a participação de projetos seja maior. Existem muitas oportunidades com a tecnologia LED”, disse Renato Carvalho, diretor de iluminação da Philips.

As empresas aproveitaram a Copa para vender projetos de iluminação de arenas esportivas no País. A Philips fechou nove contratos e a GE atuou em cinco – alguns estádios, como o Maracanã, foram iluminados por mais de uma empresa.

Passada a Copa, elas estão reforçando suas equipes do Rio para disputar projetos para a Olimpíada e se estruturando para entrar na área de iluminação pública. Só a Olimpíada pode gerar US$ 9 milhões em contratos na área de iluminação, conforme estima a GE.

Renovação

As origens da GE remontam à fábrica de lâmpadas incandescentes criada em 1890 pelo próprio Thomas Edison, responsável pelo invento. Um ano depois, a Philips entrou no negócio. As duas empresas apostaram fortemente em inovações tecnológicas e avançaram para novos segmentos. Hoje, a GE é dona de um faturamento anual global de US$ 146 bilhões e atua em cerca de dez segmentos só no Brasil – de turbinas de aviões a soluções de perfuração de poços de petróleo. O portfólio da Philips, que fatura 23,3 bilhões, vai de eletroportáteis, como liquidificador e barbeador, a equipamentos hospitalares e lâmpadas.

No setor de iluminação, a lâmpada fluorescente e o LED deixaram a incandescente obsoleta. GE e Philips reagiram à transição tecnológica com o fechamento de fábricas de lâmpadas incandescentes, abandonando o negócio que deu origem a elas. No Brasil, a GE fechou uma fábrica no Rio em 2009 e a Philips fez o mesmo em Mauá em 2010.

“Para estar na vanguarda, as empresas devem investir em inovações que tornem elas mesmas obsoletas e conseguir se desapegar do negócio atual”, disse o presidente da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei) e vice-presidente de inovação da Natura, Gerson Valença Pinto.

O grande dilema das empresas é sobre a hora certa de introduzir uma tecnologia no mercado, já que ela pode matar o negócio que sustenta a companhia, diz o coordenador do Centro de Pesquisa em Estratégia do Insper, Luiz Turatti. “Algumas empresas perdem o timing no lançamento de tecnologias. É nessa hora que novos líderes assumem um mercado”, disse. O caso mais clássico é o da Kodak, que inventou a câmera digital, mas entrou atrasada nessa tecnologia e perdeu mercado.

A invenção do LED já trouxe novos concorrentes ao setor. A brasileira Unicoba, focada em componentes eletrônicos, começou a fabricar lâmpadas quase 120 anos depois de Philips e GE, mas foi a primeira a produzir LED no Brasil, em 2009. A Philips anunciou a produção em Varginha em 2011 e a GE ainda não tem fábrica de LED no País. “O LED abriu espaço para empresas de eletrônica no ramo de iluminação”, disse Eduardo Park, CEO da Unicoba. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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