Cenário incerto

Com guerra na Ucrânia e disparada do petróleo, como fica o preço dos combustíveis?

Preço médio da gasolina em Curitiba aumentou R$ 0,27 centavos em questão de 15 dias.
Foto: Arquivo/Tribuna do Paraná.

O diretor de Comercialização e Logística da Petrobras, Cláudio Mastella, disse nesta quinta-feira (24) que a empresa vai aguardar a evolução do cenário internacional antes de decidir por repasses da disparada da cotação do petróleo após o início dos ataques russos à Ucrânia.

Aqui no Paraná, o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, derivados de Petróleo, Gás Natural, Biocombustíveis e lojas de Conveniência do Paraná (Paranapetro) ainda não se manifestou sobre a possibilidade de aumento de preços e expectativas após o início da invasão da Ucrânia pela Russia.

Já Cláudio Mastella disse que a Petrobras vai observar o cenário mundial. “A gente precisa continuar observando um bocadinho, não temos resposta fácil nem simples”, afirmou, em conferência virtual com analistas para detalhar o lucro recorde de R$ 106,6 bilhões registrado pela empresa em 2021.

+ Leia mais: Por que a Rússia está invadindo a Ucrânia?

A Petrobras já vem sendo questionada pelo longo tempo sem reajustes em um cenário de alta nas cotações internacionais. Os últimos aumentos nos preços da gasolina e do diesel vendidos pela empresa foram feitos em 12 de janeiro.

Nesta quinta, a cotação do petróleo Brent, referência internacional de preços negociada em Londres, bateu US$ 105 por barril pela primeira vez desde 2014. Na conferência com a diretoria da Petrobras, analistas perguntaram qual o limite para segurar repasses.

“Em função de diversas tensões geopolíticas, a gente tem observado elevação dos preços. Em paralelo, o dólar está se desvalorizando”, destacou Mastella. “Com esses dois movimentos em contraposição, a gente conseguiu manter nossos preços.”

Sobre os impactos da situação na Ucrânia, ele disse que o mercado vive hoje um “pico de volatilidade” e que o momento ainda é de “extrema incerteza”. Por isso, a empresa seguirá observando o mercado antes de tomar decisões.

Em 2021, acompanhando a escalada do preço do petróleo e a desvalorização cambial, a Petrobras vendeu seus combustíveis por um valor médio de R$ 416,4 por barril, o maior já registrado. Os repasses levaram os preços de bomba no país também a recordes históricos.

A elevação das cotações internacionais e o repasse para o preço dos derivados foi o principal motor do lucro recorde registrado pela empresa no ano. Pelo desempenho, a companhia distribuirá um total de R$ 101,4 bilhões em dividendos.

Na conferência com analistas nesta quinta, o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, comemorou “excelentes resultados operacionais e financeiros” e reforçou a defesa de que uma Petrobras lucrativa garante maior retorno para toda a sociedade.

A empresa alega, por exemplo, que retornou a acionistas e governos 57% de toda a sua geração de caixa operacional, tanto em pagamento de impostos quanto em distribuição de dividendos, um total de R$ 230 bilhões.

Para Silva e Luna, “isso só é possível porque imprimimos racionalidade tanto no nosso plano estratégico quanto na nossa gestão financeira e operacional”.

A alta nos preços dos combustíveis se tornou uma dor de cabeça para o presidente Jair Bolsonaro (PL), diante dos possíveis efeitos da escalada inflacionária sobre a campanha por sua reeleição.

O governo já tentou dividir a responsabilidade com governadores, depois passou a criticar a própria estatal e, por fim, tenta aprovar no Congresso a redução dos impostos sobre os produtos.

A política de preços dos combustíveis também é alvo também de pré-candidatos à Presidência da República, como o líder das pesquisas, Luiz Inácio Lula da Silva, que fala em rever o modelo atual.

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