Com deflação de 0,36% em maio – o menor índice do País – Curitiba colaborou para a redução do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que passou de 0,97%, em abril, para 0,61%, apesar de sete das onze regiões pesquisadas pelo IBGE terem apresentado taxas acima da média nacional. Em relação a abril (1,17%), houve redução de 1,2 ponto percentual no IPCA de Curitiba. Além da capital paranaense, somente o Distrito Federal teve queda no índice (-0,31%). A maior alta ocorreu em Recife (1,82%).
De janeiro a maio, o IPCA acumula variação de 6,8%, enquanto no mesmo período de 2002, o índice era de 2,51%. A Região Metropolitana de Curitiba registra o menor acumulado de 2003: 5,52%. Nos últimos doze meses, a elevação do índice nacional foi de 17,24%, superando o desempenho dos doze meses imediatamente anteriores (16,77%). Em maio de 2002, o IPCA – que mede o custo de vida para famílias com rendimento mensal de um a quarenta salários mínimos – teve alta de 0,21%.
No País, os produtos alimentícios, em período de safra, subiram 0,63% – contra 1,01% no mês anterior. Apesar das reduções ocorridas no tomate (-30,62%), hortaliças (-7,55%), frutas (-5,77%), óleo de soja (-4,45%) e açúcar cristal (-3,38%), foram verificadas altas no arroz (14,46%) e na batata-inglesa (12,98%), ambos em fase de menor oferta. Gás de cozinha e remédios tiveram variação de 0,35%. Já o valor da gasolina nas bombas caiu 3,38% por causa da redução nas refinarias, constituindo-se no maior impacto negativo do mês (-0,16 ponto percentual). A principal contribuição positiva veio do aumento nas contas de energia elétrica (6,45%) observado na maioria das regiões pesquisadas.
Além de não ter tido reajuste de energia no último mês, Curitiba foi a única capital que apresentou queda no preço dos alimentos (-0,2%), motivada pelas retrações em tubérculos, raízes e legumes (-17,08%), hortaliças e verduras (-16%), frutas (-13,09%) e alimentos prontos (-5,02%). Também influenciou na deflação da capital paranaense a queda de 2,07% no grupo transportes, principalmente em decorrência do declínio de 6,75% no preço dos combustíveis e da redução de 1,04% na tarifa de ônibus.
INPC
Curitiba foi a única região pesquisada a apresentar redução no INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que mede o custo de vida para famílias com renda de um a oito salários mínimos: -0,21%. O índice nacional foi 0,99%, 1,39 ponto percentual abaixo da taxa de abril. A maior alta ocorreu em Recife (2,37%). No ano, o INPC acumulado é de 7,9%, bem acima do percentual de 2,8% referente a igual período de 2002. Curitiba mantém o menor índice do País: -6,02%. Nos últimos doze meses, o INPC nacional atingiu 20,44%, resultado superior aos doze meses imediatamente anteriores (19,36%). Em maio de 2002, o INPC foi 0,09%.
Metodologias complicam índices
Se tanto o IPCA (-0,36%) divulgado ontem pelo IBGE, quanto o IPC divulgado anteontem pelo Ipardes (0,51%), medem a inflação mensal para famílias com rendimento de um a quarenta salários mínimos, por que a diferença entre os dois índices chegou a 0,87 ponto percentual em maio? Os dois cálculos são feitos no mesmo período de coleta (30 dias) e utilizam a mesma Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), feita pelo IBGE em 97.
O economista Carlos Renato Sofka, do projeto IPC, explica que a diferença básica está na metodologia. “O Ipardes faz a pesquisa só em Curitiba, enquanto o IBGE faz a pesquisa na Região Metropolitana, onde os hábitos de consumo são diferentes”, cita. Outro aspecto que influi nos resultados é a estrutura de peso de produtos (ponderação). Na pesquisa do IPC, o grupo Alimentação representa 20% do orçamento familiar, contra 17% no IPCA. Em Habitação, os pesos são 14% (Ipardes) e 12% (IBGE). Já Transporte e Comunicação significa 24% dos gastos familiares pelo IPC e 27% pelo IPCA. “Com a variação negativa dos combustíveis ocorrida em maio, o impacto no índice do IBGE é maior”, exemplifica Sofka.
Além disso, os tipos de itens pesquisados variam. “Nós pesquisamos carne moída, o IBGE não.” Porém o IPCA é o índice oficial usado pelo governo federal como balizador das metas de inflação.