Com a transação anunciada nesta madrugada com a Multiplus, o Grupo Latam Airlines espera criar uma relação muito mais próxima com os clientes de seu programa de fidelidade e também com os parceiros comerciais que integram a rede de acúmulo de pontos, afirmou nesta quarta-feira, 5, Claudia Sender, ex-presidente da Latam Brasil e atual vice-presidente sênior da área de clientes para a aérea no mundo.
Na madrugada desta quarta, o grupo aéreo anunciou que não pretende renovar ou estender o acordo operacional com a Multiplus após o fim de 2024. A Latam quer adquirir a totalidade das ações da empresa por meio de uma oferta pública unificada de aquisição de ações (OPA) e integrar a Multiplus à sua rede – criando, conforme suas estimativas, o quarto maior programa de passageiro frequente e de fidelidade do mundo (medido pela quantidade de clientes).
Em teleconferência com investidores para comentar a decisão, a executiva destacou ainda que a administração interna do programa de fidelidade facilita a gestão de sua estratégia de receita, otimizando-a e tornando-a mais ágil em momentos de dificuldades impostas por variáveis como câmbio e preço de combustível.
Conforme a Latam, a perda de market share da Multiplus foi determinante para que a aérea decidisse romper com o contrato. Segundo o vice-presidente de Finanças do Grupo Latam, Ramiro Alfonsín, a companhia não vê razões para acreditar que a tendência de perda de mercado do programa de fidelidade mudaria significativamente no futuro, diante da forte dinâmica competitiva apresentada pelo mercado brasileiro de fidelidade.
Embora tenha realizado vários aditivos ao contrato com a Multiplus, a fim de restabelecer a competitividade do programa, limitações da própria relação contratual e a estrutura corporativa separada restringiram os efeitos desses esforços conjuntos, avalia a Latam.
Questionado sobre lições aprendidas ao ter a Multiplus segregada do Grupo Latam, Alfonsín disse que prefere “olhar para frente” e que confia que a solução proposta pela aérea é a melhor que se apresenta.
Ramiro Alfonsín classificou ainda como “justo” o preço de compra pretendido, de R$ 27,22 por ação da Multiplus. Esse preço representa um prêmio de 11,6% sobre o preço da ação de R$ 24,40 da Multiplus no fechamento do mercado na terça-feira, implicando uma aquisição total aproximada de R$ 1,2 bilhão (ou US$ 289 milhões) para todo o free float de 27,3% da Multiplus, conforme a Latam.
Ainda de acordo com o executivo, caso a avaliação independente aponte que o preço deveria ser maior, há dois caminhos para a companhia: ou elevar o preço, ou desistir da aquisição total das ações da Multiplus.
A Latam espera arquivar a documentação para a OPA na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) até o início de outubro e prevê que a oferta poderia ocorrer entre o último trimestre de 2018 e o primeiro trimestre de 2019.