Após 20 meses de interrupção, a Hidrovia Tietê-Paraná voltou a operar o transporte de cargas na manhã de ontem, na região noroeste do Estado de São Paulo. O primeiro comboio passou pela eclusa da Usina Hidrelétrica Nova Avanhandava, em Buritama, seguindo para São Simão, em Goiás, para carregar soja destinada ao Porto de Santos. O transporte estava suspenso em razão do baixo nível do Rio Tietê, afetado pela severa estiagem de 2014 e pelo uso da água na geração de energia.
Foram prejudicadas sobretudo as cargas de longo percurso, como soja e milho embarcados em São Simão para descarga em Santos, e a celulose e madeira da região de Três Lagoas (MS).
As chuvas do fim do ano passado, que se intensificaram em janeiro deste ano, recuperaram o nível do rio, que subiu cinco metros no trecho mais crítico. Barcos leves já estavam passando desde o mês passado. Com a retomada, o fluxo de embarcações na hidrovia deve se intensificar nas próximas semanas. Hoje, um comboio deve passar pela eclusa de Buritama em direção a Santos.
Conforme estimativa do Departamento Hidroviário (DH), da Secretaria de Logística e Transportes do Estado, em um ano devem ser transportadas seis milhões de toneladas pelo trecho da hidrovia, com destaque para soja, celulose e insumos para adubação. Ainda segundo o DH, um comboio no rio transporta um volume equivalente à carga de 200 caminhões nas estradas.
A hidrovia é alternativa para o transporte de cargas geradas também nos Estados de Mato Grosso, Minas Gerais e Paraná. O governo paulista fez negociações com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), do governo federal, para que seja mantida a quota mínima nos reservatórios de Ilha Solteira e Três Irmãos, no percurso da hidrovia, para garantir a passagem de barcos de maior calado, com mais capacidade de carga.
Durante o período da estiagem, foram realizadas obras para a redução de gargalos no trecho paulista da hidrovia, como a proteção dos vãos de pontes e a construção de atracadouro de espera na eclusa de Bariri.
Este mês, deve ser publicado o edital para a ampliação do Canal de Avanhandava. Num trecho de dez quilômetros, o canal terá mais de 2,4 metros de profundidade, possibilitando a passagem de embarcações de grande calado. As obras devem ser iniciadas em maio, com previsão de conclusão em 29 meses, ao custo de R$ 287 milhões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.