Estados Unidos e Europa cobram concessões de Brasil, China e Índia às vésperas do que está sendo chamado de "última chance" para fechar um acordo que irá definir as regras comerciais pelos próximos dez anos. Bruxelas, porém, reconhece que, pela primeira vez, um acordo precisa ser negociado levando em conta que esses países emergentes já contam com um novo status na economia mundial. Já o Brasil alertou nesta quinta-feira (18) que qualquer concessão que faça dependerá do que vai ganhar na agricultura.
Hoje o chanceler Celso Amorim e outros ministros de todo o mundo desembarcam em Genebra e não sabem quando retornarão a seus países. Mais de 30 diplomatas e representantes de ONGs e do setor privado brasileiro estarão em Genebra para acompanhar o processo. "Estamos sendo testemunhas de um reordenamento da economia e da política mundiais com o surgimento dessas novas economias, e a Rodada Doha é a primeira tentativa de se fechar um pacto internacional nessas condições ainda desconhecidas", disse o comissário de Comércio da União Européia, Peter Mandelson.
Na quinta, tanto os americanos como os europeus alertaram que a economia mundial precisa da conclusão da Rodada Doha, lançada em 2001, como forma de dar um novo incentivo e uma mensagem política positiva. Estudos da Organização Mundial do Comércio (OMC) indicam que a economia mundial ganharia US$ 50 bilhões extras por ano com o acordo. O Brasil, ontem, alertou que precisa de um acordo que crie reais acessos a mercados para os bens agrícolas e reduções de subsídios. Os americanos garantiram que estão prontos para fazer "cortes substanciais? em seu apoio doméstico. Mas a realidade é que há anos que não dão uma sinalização concreta de um corte perto do que querem os países emergentes.