A paralisação dos caminhoneiros que durou 11 dias no fim de maio afetou fortemente o desempenho da indústria nacional. De acordo com Sondagem Industrial divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) na tarde desta segunda-feira, 25, a interrupção do fluxo de mercadorias reduziu a produção industrial, aumentou a ociosidade no setor e provocou acúmulo de estoques indesejados. O estudo mostra que o índice de evolução da produção caiu de 48,8 pontos em abril para 41,6 pontos, bem abaixo da linha divisória de 50 pontos da pesquisa.

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“O resultado foi claramente influenciado pela interrupção dos serviços de transportes terrestres em maio, que prejudicou o fluxo de insumos e mercadorias”, cita o estudo. Segundo a CNI, a produção industrial costuma aumentar na passagem de abril para maio, como ocorreu entre 2011 e 2013 e em 2017 (este último influenciado pelo grande número de feriados em abril daquele ano). No entanto, a crise no abastecimento não confirmou a tendência neste ano. O estudo ainda mostra que, na comparação com 2017, o índice de maio de 2018 é 12,2 pontos menor.

A Utilização da Capacidade Instalada (UCI) ficou em 63%, com recuou de 3 pontos porcentuais em relação ao mês anterior. “O porcentual é o menor para o mês de toda a série histórica mensal, com início em 2011”.

O estudo revela também que os efeitos da paralisação de maio foram mais intensos nas grandes empresas, com índice de evolução da produção em 41,6 pontos. A ociosidade também foi maior nas companhias de grande porte, com UCI em maio de 67%. Na sequência, vêm as médias e depois as pequenas.

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A pesquisa mostra que o indicador de evolução dos estoques efetivos em relação ao planejado subiu para 53,3 pontos em maio. O indicador varia de 0 a 100 pontos. Valores acima de 50 pontos indicam que os estoques estão acima do planejado. O emprego também teve queda no mês passado e ficou em 48,3 pontos. “A paralisação dos transportes de carga atingiu a atividade industrial que já estava com dificuldades de se recuperar”, destacou o economista da CNI Marcelo Azevedo.

Quanto às expectativas do setor, a Sondagem Industrial ressalta que os prejuízos com a greve dos caminhoneiros também atingiram o otimismo dos empresários. Embora acima dos 50 pontos, os indicadores de expectativas em relação à demanda, à compra de matérias-primas e de quantidade exportada recuaram nesta edição, e o indicador de emprego caiu para 48,9 pontos, mostrando que os empresários preveem mais demissões nos próximos seis meses.

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Diante da redução das expectativas no curto prazo, os empresários estão pouco dispostos a fazer investimentos, mostra o estudo. O índice de intenção de investimentos caiu de 52,2 pontos para 50,5 pontos. Com esse resultado, já são quatro meses consecutivos de redução da intenção de investir, diz o levantamento.

A Sondagem Industrial de maio foi feita entre 4 e 14 de junho com 2.204 indústrias. Dessas, 920 são pequenas, 780 são médias e 504 são de grande porte.