A Confederação Nacional da Indústria (CNI) acredita que o setor terá resultados negativos neste ano, depois de verificar um quadro de desaquecimento no resultado de outubro. “A indústria vai mostrar resultados negativos em 2014, precisamos saber qual a intensidade desse resultado. A recuperação vai ficar para 2015”, afirmou o gerente executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco.

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“Ainda não observamos quadro mais favorável para setor industrial. A consolidação de uma recuperação que poderia vir na esteira da melhoria do faturamento, que cresceu pelo quarto mês consecutivo, ela não se espalhou para atividade produtiva”, disse, em referência aos indicadores industriais de outubro, divulgados nesta terça-feira, 02.

O faturamento do setor de transformação apresentou alta de 3,1% em outubro ante setembro, a quarta alta consecutiva. O nível de utilização da capacidade instalada da indústria de transformação atingiu 80,6% em outubro, abaixo de setembro, quando estava em 81,1%.

Castelo Branco afirmou que a expectativa da CNI é que os dados de utilização da capacidade instalada, faturamento, horas trabalhadas e emprego terminem o ano com uma queda em relação a 2013. “O quadro da indústria neste último trimestre do ano ainda é de desaquecimento, quando comparamos com resultados de 2013”, disse.

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Ajuste

Apesar de prever que a indústria terá em 2015 a recuperação que não foi verificada em 2014, a CNI se preocupa com os impactos dos ajustes macroeconômicos previstos para o próximo ano. “Evidentemente que a preocupação maior fica por conta dos impactos do ajuste macroeconômico”, disse Castelo Branco. “Temos expectativas de momentos mais difíceis com esse ajuste (fiscal)”.

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Ele falou do “pré-anúncio de maior rigor fiscal” e lembrou que os detalhes ainda não são conhecidos. “Temos indícios de que haverá reversão na política fiscal. A expectativa é que isso, depois, se manifeste num comportamento mais favorável da inflação, o que no futuro se reverterá em estabilidade”, disse.

Sobre as desonerações, Castelo Branco reconheceu que há “espaços mais reduzidos” e disse que elas devem ser reavaliadas no próximo ano. Ele ponderou, entretanto, que a carga tributária continuou subindo. “Quando você olha a carga tributária como um todo, ela não se reduziu nos últimos anos. Ainda com as desonerações, a carga tributária continua aumentando ano a ano. Precisamos dar mais racionalidade ao sistema tributário, simplificando”, defendeu.

Questionado sobre como a indústria poderia se recuperar em 2015, com quadro de aperto fiscal, Castelo Branco disse que este ano já foi difícil para o setor. “Devemos reconhecer que 2014 já é um ano de dificuldade muito forte para a indústria. As dificuldades para o setor industrial já estão presentes”, disse.

Confirmado oficialmente ontem pelo Palácio do Planalto, o futuro ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, senador Armando Monteiro Neto (PTB-PE), reforçou em sua primeira declaração à imprensa o discurso de austeridade fiscal adotado pela nova equipe econômica do governo, admitindo que os recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para financiamentos serão mais escassos no próximo ano.

Questionado ontem sobre de que forma a política industrial seria feita num contexto de aperto fiscal, Monteiro defendeu medidas que não demandam esforço fiscal adicional, como desburocratização. Temos que entender, neste quadro, que nossas atenções têm que estar voltadas para a agenda microeconômica, o que significa buscar intensamente medidas que não demandam esforço fiscal adicional. Aí temos desburocratização, simplificação, aperfeiçoamento no regulamento tributário, e a busca de modelo de financiamento que possa, por exemplo, estimular movimento de modernização do parque fabril do País”, disse.