Os gargalos na infra-estrutura e um cenário externo adverso podem prejudicar o crescimento da economia em 2005. Essa é a avaliação da CNI (Confederação Nacional da Indústria), que apresentou ontem suas perspectivas para o próximo ano. De acordo com o estudo, o PIB (Produto Interno Bruto) deve crescer 3,7% em 2005. Se confirmado, o resultado seria bastante inferior ao estimado para este ano pelo governo e por analistas de mercado, que esperam um crescimento de cerca de 5%.
Em um cenário mais pessimista, o desempenho da economia em 2005 pode ser ainda mais prejudicado pela falta de investimentos privados no setor de infra-estrutura. No setor externo, o perigo é a possibilidade de uma desvalorização do dólar, diz a CNI. Para a indústria de transformação, a previsão é de um crescimento de 5,5% no próximo ano.
Para o presidente da CNI, Armando Monteiro, "o horizonte em 2005 nos parece melhor do que as perspectivas que tínhamos há um ano".
O crescimento neste ano não foi apenas conseqüência do desempenho do setor externo – as exportações têm neste ano um crescimento de cerca de 30% -, mas também do aumento da demanda interna. "Já é possível prever um crescimento de 5% ou levemente superior", avalia Monteiro. Ele lembra ainda que a indústria de transformação colaborou para esse resultado, com um crescimento de mais de 8% neste ano.
E é justamente a demanda interna que irá puxar o crescimento em 2005, já que as exportações devem crescer em um ritmo abaixo de 10%, na avaliação da CNI. Neste ano, o crescimento está acima de 30%.
No entanto, o aumento da demanda não deverá pressionar os preços porque esse crescimento irá ocorrer também do lado da oferta. "Não teremos problemas mais sérios do lado da oferta porque o setor industrial está investindo na ampliação da capacidade instalada." Em novembro, o nível de uso da capacidade instalada ficou em 82,65%.
TJLP
A bancada industrial do Congresso entregou ao governo uma proposta para reduzir o custo dos empréstimos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Ontem, o CMN (Conselho Monetário Nacional) decidiu manter a TJLP – usada como referência para os empréstimo do banco – em 9,75% ao ano.
Segundo Monteiro, a proposta pede a redução do spread do BNDES – diferença entre a TJLP e a taxa que o banco oferece a seus clientes para empréstimos – que hoje chega a até 4,5 pontos percentuais. "Para reduzir o custo, a opção mais viável é rever os spreads do BNDES", diz Monteiro.