O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) Armando Monteiro Neto, exigiu hoje em discurso no 4º Encontro Nacional da Indústria medidas de estímulo ao investimento e de contenção da valorização do real. Segundo ele, é preciso abrir espaço para o aumento do investimento público e privado. Para isso, o presidente da CNI defendeu a completa desoneração dos investimentos e a aprovação de marcos regulatórios eficientes, bem como o fortalecimento da qualidade e independência dos órgãos de regulação. “Devemos mudar o eixo da recuperação da economia via consumo para o modelo investidor”, afirmou.
Segundo ele, hoje os sinais do governo em relação aos investimentos são “ambíguos”. Monteiro Neto disse que a decisão do reajuste dos aposentados reforça o modelo de consumo e os modelos de exploração do pré-sal “são pouco amigáveis ao capital privado”. “Há uma excessiva centralização na Petrobras”, criticou.
De acordo com ele, a evolução dos gastos correntes do governo também é um inibidor da ousadia necessária em direção a mudanças estruturais. Monteiro Neto considera preocupante o aumento dos gastos com pessoal e dos gastos correntes, reduzindo o espaço para investimentos do setor público. Ele defender a necessidade de reduzir o custo Brasil e avançar na agenda da competitividade. “A valorização do real, que agrava o problema, exige mais celeridade na busca da competitividade”, afirmou.
Segundo Monteiro Neto, a questão do câmbio é preocupante. Ele afirmou ter consciência de que não há solução fácil e que o processo de enfraquecimento do dólar parece inexorável. Disse que há várias frentes de batalha nessa área. A primeira, citou, são as discussões sobre o dólar e demais moedas no G-20 (grupo das 20 maiores economias do mundo). “Preocupa-nos o valor da moeda chinesa e os movimentos de arbitragem em relação ao Brasil”, destacou. Outra questão, destacou, é a discussão dos aperfeiçoamentos da política cambial, de práticas operacionais do Banco Central e de um eventual movimento em direção à convertibilidade.
Monteiro Neto disse que a indústria não aceita uma posição do governo que não seja ativa. “A indústria não pode ser desmontada por fatores conjunturais”. Ele afirmou ainda que é preciso uma medida firme e extraordinária, se necessário, em relação a moeda brasileira. O presidente da CNI também defendeu a necessidade de redução do custo de capital e do spread bancário (diferença entre o custo pago pelo banco para captar recursos e o juro que ele cobra dos clientes). “Estou convicto de que podemos remover tais entraves ainda nesse governo”, afirmou.