Apesar do crescimento contínuo da atividade industrial, a expansão dos investimentos desde o ano passado tem ampliado o parque fabril, com reflexo na queda do Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci), na avaliação do economista da Confederação Nacional da Indústria (CNI) Marcelo de Ávila. De acordo com os indicadores industriais divulgados hoje, o Nuci recuou pelo terceiro mês consecutivo em julho, para 82,3% ante 82,5% em junho.
“Mesmo havendo uma maior atividade industrial no mês de julho, a utilização da capacidade recuou nesse período. A formação bruta de capital fixo vem crescendo a passos largos e a maturação de investimentos está ampliando o parque industrial”, afirmou Ávila.
Para o economista, o comportamento do indicador mostra que não há descompasso entre a demanda e a oferta na indústria. “Estamos vendo uma convergência da inflação para a meta. Além disso, o período de aperto monetário que ainda não foi todo absorvido pela economia, mas de qualquer forma, se você não tivesse elevado os juros, o desempenho da indústria seria ainda maior”, avaliou.
Segundo Ávila, o faturamento industrial já supera em 4,2% o patamar anterior ao agravamento da crise financeira internacional, em setembro de 2008. Em julho, o indicador cresceu 3,6% ante o mês anterior. “O faturamento é o indicador que reage primeiro à melhora da economia, e o esse resultado já garante no mínimo 8,4% de crescimento em 2010, com boa possibilidade de ficar acima de dois dígitos. Lembrando que o crescimento é forte, mas é sobre uma base de comparação muito deprimida”, ressaltou.
O mesmo ocorre com o emprego industrial que, pelo segundo mês seguido, apresentou alta de 0,5% na comparação mensal, variação acima da média histórica de crescimento do indicador, que já supera em 0,8% o nível de setembro de 2008. “Em questão de emprego a crise já ficou pra trás. Em termos de quantidade, todas as vagas fechadas no fim de 2008 já foram recompostas”, completou Ávila.
Já as horas trabalhadas, apesar de aumentarem 1,6% em julho ante junho, ainda estão 2,2% abaixo do patamar pré-crise (setembro de 2008). A massa salarial real, impulsionada pelo aumento da ocupação na indústria, também aumentou em julho ante junho (3,6%), assim como o rendimento médio do trabalhador (3,1%).