Um dia após o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmar que implementará “um período de ajuste” para recuperar a economia, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) recomendou que o governo não abandone a competitividade do setor produtivo. “O que a gente espera é que em paralelo a isso (ajuste), o governo consiga manter a agenda competitividade andando”, afirmou gerente-executivo de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca.
A afirmação ocorreu após Fonseca apresentar o resultado do estudo “Competitividade Brasil 2014”, no qual o País aparece em penúltimo lugar entre 15 avaliados. O Brasil esteve à frente apenas da Argentina. “Em algumas áreas você pode elevar a competitividade sem aumentar custo, como na burocracia. Se você consegue reduzir burocracia, você reduz custo do governo”, recomendou.
Segundo o economista, “a expectativa é de o primeiro semestre será duro para botar a casa em ordem”, mas que isso será necessário para recuperar investimentos. “Obviamente, seria mais fácil avançar na agenda da competitividade sem precisar fazer ajuste fiscal. Mas é preciso fazer o ajuste, até porque ele é importante para não deixar o rating (classificação de risco) cair e facilitar a captação de recursos e trazer investimento estrangeiro direto”, disse.
Fonseca avaliou, ainda, que existe uma expectativa para 2015 seja um ano de “ambiente macroeconômico estável e previsível para o empresário”. Não só previsível no que vai acontecer em termos de preço, mas no que vai acontecer em termos de resposta do governo se o preço sobe ou cai”, afirmou, ressaltando que “no ano passado tivemos uma deterioração significativa no ambiente macroeconômico”.
Produtividade
O Brasil aparece em 4º lugar no ranking de competitividade de mão de obra elaborado pela CNI, mas a colocação esconde o fraco desempenho do trabalhador brasileiro no quesito produtividade. Neste subitem do estudo “Competitividade Brasil 2014”, o País ocupou a 12º colocação entre 14 economias avaliadas.
Segundo Fonseca, o Brasil ainda vive o melhor momento da curva de desenvolvimento demográfico, com uma população economicamente ativa superior à aposentada, mas que está perdendo isso para ganhar escala e qualidade de produção. “O Brasil não está se beneficiando do bônus demográfico, porque a mão de obra não é qualificada”, disse.
O gargalo, de acordo com a CNI, é o baixo nível de educação do brasileiro. “O grande problema é que não conseguimos educar essa população (jovem) para ela ser mais produtiva. Esse é o grande desafio que o Chile conseguiu (superar)”, comparou.
Fonseca avaliou que o reflexo desse cenário foi o que foi verificado no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2014, no qual quase 530 mil estudantes zeraram na prova de redação. “A questão do português e matemática é muito sério no País”, observou.
O Ministério da Educação (MEC) anunciou nesta terça-feira, 13, que a rendimento em matemática e redação dos alunos que fizeram o Enem caiu na última edição do exame.