O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, duvidou da eficácia antiinflacionária, no momento, de eventuais restrições aos financiamentos. Segundo ele as atuais pressões inflacionárias parecem ser "algo localizado" e, assim sendo, o governo precisa avaliar se a adoção de políticas que restrinjam o crédito teria efeito.
"Se as pressões nos preços têm origem nos alimentos, o crédito direto ao consumidor não tem efeito nessa área. Já no setor de veículos, que está estimulado pela ampliação dos prazos no crediário, está havendo aumento de preços? Me parece que não", disse Monteiro Neto, após participar da solenidade de apresentação da Agenda Legislativa da Indústria 2008.
Depois de sinalizar que poderia tomar medidas para limitar o prazo dos financiamentos de bens duráveis, principalmente veículos, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, recuou ontem (24) e disse que ações desse tipo não estão sendo estudadas no governo.
O presidente da CNI ressaltou que, se o governo quer conter a inflação, precisa levar em conta outros instrumentos, como a redução dos gastos públicos. "O governo também contribui para o crescimento da demanda. Assim, se ele quer conter a inflação, precisa também se disciplinar e dar o exemplo na área fiscal", enfatizou.
Abinee
Outro dirigente empresarial, o presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato, declarou não haver pressão que justifique o aumento dos juros ou a redução dos prazos nos financiamentos. Segundo Barbato, existe ainda, no País, um pouco do "cacoete" antigo de que, quando a economia começa a crescer em um ritmo um pouco mais acelerado, há risco de inflação.
"A grande maioria do setor industrial ainda não chegou a usar 80% da capacidade instalada, o que demonstra não existir razão para aplicar qualquer política recessiva", disse.