O setor de construção voltou a apresentar piora em junho no nível de atividade medido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), marcando 44,5 pontos na Sondagem Indústria da Construção, divulgado nesta quarta-feira, 23, pela entidade. Foi o sétimo mês seguido de atividade abaixo dos 50 pontos, considerado a linha divisória entre bom e ruim na sondagem. Em maio, a sondagem havia registrado 45,8 pontos.
De acordo com a pesquisa, os três setores da construção registraram queda na atividade em junho. O recuo maior foi apontado pela construtoras que tocam obras de infraestrutura, cujo indicador marcou 41,7 pontos, contra 46,3 pontos para o segmento de construção de edifícios e 43 pontos para serviços especializados.
O ritmo lento do setor impacta a perspectiva de manutenção dos empregos. Demissões foram registradas a partir da redução do item sobre evolução do quadro de empregados, que recuou de 45,7 pontos, em maio, para 45,3 pontos, em junho. “Esse movimento (de demissão) é cada vez mais disseminado na indústria da construção”, diz o documento.
Com relação às expectativas para julho, as empresas disseram que não têm previsão de novas contratações – o indicar que mede o aumento do quadro de funcionários é de 49,4 pontos para julho, contra 50,1 pontos da previsão feita para junho.
Finanças ruins
A pesquisa foi feita entre 1º e 11 de julho com 534 empresas, das quais 167 de pequeno porte, 239 médias e 128 grandes. A empresas ouvidas pela Sondagem reportaram maior dificuldade em obter crédito. Esse indicador registrou 37,9 pontos.
A pesquisa também registrou insatisfação com a situação financeira (45,1 pontos) dos empresários. A sondagem indicou, ainda, um aumento na inadimplência dos clientes da construção, que passou de 15,7% para 21,4%.
A margem de lucro operacional também foi considerada insatisfatória pela construção no primeiro trimestre, com 41,4 pontos. Já o custo de insumos e matérias-primas aumentou, em comparação ao trimestre anterior, atingindo 59,1 pontos.
Perspectivas
Os empresários da construção sinalizaram que estão menos otimistas em relação ao desempenho do setor para o mês de julho, indicando um indicador de nível de atividade de 51,2 pontos, ante 51,5 pontos para junho.
A expectativa sobre novos empreendimentos e serviços deixou de ser otimista, segundo a CNI, e entrou num ritmo de estabilidade pela primeira vez. O indicador situa-se em 50,3 pontos, na média geral, contra 51 pontos em junho. As grandes empresas apresentaram expectativa de queda (48,8 pontos).
As empresas também declararam que pretendem comprar menos insumos e matérias-primas neste mês. O índice recuou de 50,9 pontos, em junho, para 49,4 pontos para julho. “Não há mais entre os empresários o otimismo observado nos anos anteriores. Entre as grandes empresas há expectativa de queda nos novos empreendimentos e serviços, na compra de insumos e matérias-primas e no número de empregados nos próximos seis meses”, diz a pesquisa.