Brasília (AG) – É cada vez maior a possibilidade de reversão do crescimento econômico nos próximos meses. Esta é a principal conclusão da Sondagem Industrial relativa ao primeiro trimestre deste ano, divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), para a qual ?a única certeza é que o forte ritmo de crescimento apresentado em 2004 já faz parte da história?. Pela pesquisa, realizada com 1.213 pequenas e médias empresas e 206 empresas de grande porte, o ritmo de expansão da indústria diminuiu nos três primeiros meses de 2005.

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O indicador de produção foi de 44,8 pontos, o que revela uma queda em relação ao quarto trimestre de 2004, que registrou 57,6 pontos. Segundo a CNI, os sinais de desaquecimento foram mais sentidos pelas pequenas e médias empresas, cujo indicador caiu para 43,2 pontos, contra os 57,8 pontos registrados no período anterior.

?Foi a primeira vez em sete trimestres que o indicador ficou abaixo da linha dos 50 pontos?, destaca a CNI, lembrando que a linha varia de 0 a 100 e o que ficar acima de 50 pontos indica evolução positiva.?Parte dessa queda deve-se à sazonalidade do período, mas ela foi mais expressiva do que a média observada para o mesmo período dos últimos cinco anos?, diz o documento da CNI.

O faturamento da indústria também caiu. Esse indicador atingiu 43,9 pontos no primeiro trimestre de 2005 contra 58,2 pontos no quarto trimestre de 2004. Os setores que apresentaram pior desempenho neste início do ano foram os de madeira, mobiliário, papel e papelão e couros e peles. O grau de utilização da capacidade instalada também reflete a desaceleração no ritmo de crescimento da atividade industrial e recuou para 72%, contra 77% registrado no fim de 2004. Entre as grandes empresas, o nível de utilização da capacidade instalada ficou em 81%, um nível alto num trimestre sazonalmente fraco. Entre as pequenas e médias empresas, o percentual ficou em 68%, o mesmo patamar do início do ano passado. Por outro lado, as empresas continuam contratando.

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O indicador do nível de emprego permaneceu estável, com 49,2 pontos. Para as pequenas e médias empresas, o índice foi de 47,7 pontos, enquanto no caso das grandes empresas foi de 52,2 pontos. ?A boa notícia da Sondagem é que as grandes empresas continuam a contratar trabalhadores. Isso reflete parte do otimismo quanto à evolução da economia daqui para frente?, disse o coordenador da unidade de Pesquisa da CNI, Renato da Fonseca.

Ele ponderou que o recuo dos indicadores de desempenho industrial, como produção e faturamento, ainda não atingiu a confiança do empresário a longo prazo. 43% dos empresários que responderam à pesquisa acreditam que a situação atual da economia brasileira irá se manter nos próximos seis meses, contra 28% da última pesquisa.

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