O presidente da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), Roque Pellizzaro Junior, minimizou hoje o crescimento de 7,23% das vendas do varejo brasileiro em abril na comparação com o mesmo mês do ano passado. O dado, que é produzido em parceria com o SPC Brasil, leva em conta as compras parceladas e os pagamentos realizados por meio de cheque. O que está por trás de aumento tão expressivo, conforme o executivo, é a diferença da data em que a Páscoa ocorreu. “A Páscoa no ano passado foi antes da folha de pagamento e as pessoas compram mais quando estão com dinheiro”, considerou.
Para o executivo, foi observada uma melhora este ano, mas não tão significativa como uma primeira análise dos números leva a crer. “Tivemos uma redução da base no ano passado e uma melhora este ano, por isso a diferença”, comparou.
Mães
A taxa de crescimento foi maior até do que a melhor data para o setor no ano, o Dia das Mães. A perspectiva era de um crescimento das vendas de 6% nos dias que antecedem a comemoração, mas a expansão chegou a 6,53% ante o mesmo período de 2010.
O presidente da CNDL salientou que, apesar do crescimento expressivo das vendas no Dia das Mães, os números não vieram tão fortes quanto o de outras entidades que fazem levantamento semelhante, por conta da amostragem. “Nosso índice pega muito interior, não está restrito a grandes centros. Nesses locais, o tíquete médio de gasto e o volume foi ainda maior”, disse. Na opinião de Pellizzaro Junior, o crescimento do período foi “muito bom, pé no chão”.
Consumo
Pellizzaro Júnior considerou positiva a sugestão ao consumidor feita pelo presidente do BC, Alexandre Tombini, para que haja uma postergação das compras neste momento de alta dos juros. Tombini fez a afirmação durante audiência pública na semana passada. Pellizzaro, no entanto, fez questão de “aperfeiçoar” o apelo, dizendo que o consumidor precisa gastar conforme sua renda e não simplesmente estancar a compra.
“Concordo com avaliação do BC, é preciso repensar o consumo a crédito”, comentou Pellizzaro Junior, acrescentando que, neste momento de aperto monetário, o consumidor acaba ampliando suas despesas com juros e que esse dinheiro acabará fazendo falta no futuro. “Não queremos que deixe de consumir, mas que seja mais criterioso. Comprar à vista ou em prazo mais curto é diferente de não consumir”, disse.
O presidente da CNDL lembrou que a sugestão feita pelo BC agora vai na direção oposta à mencionada pelo governo no combate aos efeitos da crise financeira internacional. “Sabíamos que aquele pedido ia ter efeito colateral na hora que a economia andasse. Agora estamos sentindo um pouco dos efeitos colaterais”, analisou. Outros mercados, como o europeu e o americano, não passam por isso, na opinião do executivo, porque ainda não se aqueceram. “O Brasil não pode abrir mão de ver crescimento, que é importante para nós”, considerou.
Pellizzaro Junior, que enviará uma carta aos associados amanhã indicando que haja mais critério por parte dos lojistas para ofertar crédito, avaliou que, como o mercado está aquecido, não há o temor em relação à queda nas vendas. Para ele, no entanto, é preciso “puxar o consumo para um patamar onde o nível de inadimplência não é significativo”. “Não é mais nada do que sinalizar para o consumidor que ele não gaste mais do que ganhe”, explicou.
Assim, de acordo com o executivo, a ideia não é a de negar o crédito, mas limitar os valores das parcelas a algo mais condizente com o perfil do consumidor. O medo do comércio é claramente o de pagar a conta de um nível de inadimplência elevado. “Pior do que não vender é vender e não receber”, observou.