A deterioração no mercado de trabalho é a principal razão por trás do pessimismo das famílias brasileiras em relação à sua capacidade de quitar dívidas em atraso, afirmou nesta quarta-feira, 30, a economista Marianne Hanson, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Com o crédito mais caro e muitas pessoas perdendo o emprego, nem o 13º salário será suficiente para trazer alívio ao nível de endividamento dos consumidores, algo costumeiro em anos anteriores.

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“No fim de 2014, tivemos redução do endividamento, mas este ano não deve ter um movimento tão forte, pois a conjuntura não está favorável. O desemprego tem um peso negativo, e as famílias não devem se livrar das dívidas tão rapidamente”, avaliou Marianne.

A parcela de famílias que têm contas em atraso e relatam não ter condições de quitar essas dívidas chegou a 8,6% em setembro deste ano, o maior patamar desde junho de 2011. Esse indicador, que é uma espécie de “antecedente” da inadimplência, estava em 5,9% em setembro do ano passado.

Até o ano passado, a inadimplência marcou recordes de baixa. O problema agora é que sua elevação pode encarecer ainda mais o crédito, já mais restrito por conta do aumento dos juros. “Os bancos veem risco maior (de não pagamento) na concessão de crédito e por isso cobram mais juros”, explicou a economista.

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Quem puxa o aumento nas contas em atraso são justamente as famílias com renda mensal até dez salários mínimos. Entre elas, 10,2% não têm condições de pagar as dívidas já vencidas. “Elas são as mais afetadas, pois têm menos renda para acomodar os gastos. Além disso, a inflação diminui a renda disponível”, disse Marianne. Nas famílias com renda superior a isso, o indicador está estável em 2,7%.