CMN pode oficializar meta de 5,5% para inflação

São Paulo – O Conselho Monetário Nacional (CMN) decide hoje a meta de inflação para o ano de 2005, mas é sobre um eventual ajuste da meta de 2004 que estão concentradas as expectativas dos agentes financeiros. Com impacto imediato na condução da política monetária, a decisão sobre o ajuste é vista como tão ou mais complexa que a recente redução da taxa Selic pelo Banco Central.

O dilema para o CMN será definir uma meta ao mesmo tempo factível aos olhos do mercado – provavelmente mais alta que os atuais 3,75% com bandas de oscilação de 2,5 pontos – e que não traga uma sinalização de leniência com a inflação. Em outras palavras, que não seja vista como um instrumento voltado unicamente para a queda dos juros. A maior parte dos analistas consultados pela Agência Estado acredita que o CMN deva formalizar a atual meta ajustada de 5,5% para 2004 como meta oficial, acrescentando bandas de oscilação ao número.

Se por um lado a adoção das bandas sobre os 5,5% possa trazer algum arranhão na credibilidade (com as bandas atuais o teto da meta passaria a ser de 8%), dizem os analistas, por outro elimina a impressão de que a meta ajustada significa em tese uma meta “ajustável”. “Seria, no final das contas, um compromisso mais formal com uma meta com que todos já trabalham”, explica o economista-chefe do Unibanco, Alexandre Schwartsman.

“Formalizar a meta ajustada acabaria com essas duas metas diferentes, uma oficial e outra possível”, reforça o economista-chefe do Crédit Lyonnais, Dalton Gardiman. O economista Fábio Akira, do JP Morgan, também acredita que a formalização dos 5,5% não implica necessariamente perda de credibilidade para o BC. “É um número com que o mercado já vinha trabalhando, mas seria um limiar em termos de inflação”, alerta Akira. Uma mudança para cima, mais ousada, acredita, carregaria o risco de deterioração das expectativas para a inflação nos médio e longo prazos, comprometendo o ciclo gradual de desaperto monetário iniciado semana passada.

Outro ponto destacado é que a decisão para a meta de 2005 deve levar em conta o eventual ajuste na meta de 2004. A cartilha do regime de metas de inflação com que o mercado trabalha, neste caso, é clara: a tendência deve ser de queda ou ao menos de manutenção dos níveis inflacionários em relação ao ano anterior. E o número de 2005 poderia inclusive reforçar a credibilidade do regime diante de um possível relaxamento para o próximo ano. Nesse sentido, há até quem acredite num “mix” de formalização da meta de 5,5% para 2004 com manutenção dos 3,75% oficiais para 2005, com as respectivas bandas.

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