CMN manterá meta de inflação em 4,5% em 2005

Dificilmente o Conselho Monetário Nacional (CMN) irá alterar, em sua reunião de amanhã, a meta de inflação para 2005, fixada em 4,5% pelo IPCA. Na visão da equipe econômica, a proposta do líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), de elevar a meta para 5,5% e dar, com isso, melhores condições de crescimento da economia, não é correta. ?Não há uma relação direta entre o aumento da meta e a aceleração econômica?, disse uma fonte da equipe econômica.

De acordo com esta fonte, o efeito de uma elevação da meta poderia até ser contrário ao objetivo de alavancar o desenvolvimento, uma vez que a inflação desorganiza a economia e tira a previsibilidade dos investimentos. ?Sem previsibilidade não há investimento. Sem investimento, não há crescimento?, disse a fonte. Outro argumento para rechaçar a proposta de Mercadante é de que a elevação da meta poderia alimentar um processo de aumento das expectativas de inflação para 2005.

?Se hoje estas expectativas estão em torno de 5,5%, elas poderão passar para 6% ou mais com a mudança da meta?, disse outra fonte consultada. Isso, por sua vez, poderia acabar por resultar em um aumento efetivo dos preços acima de um nível desejado.

Neste sentido, a ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) deste mês deixou claro que o Banco Central (BC) não será leniente com uma taxa de inflação maior no próximo ano. ?Isto já pode ser visto como um sinal claro de que a meta de 2005 não será alterada?, disse um analista de mercado.

Outro ponto da ata destacado pelo mesmo analista como indicativo de manutenção da meta foi o fato de o Copom ter ressaltado que suas projeções de inflação para o ano que vem se encontram abaixo dos 4,5% do centro da meta. ?Se a inflação projetada está abaixo do centro da meta, não haveria sentido em falar no aumento da meta de 4,5% para 5,5%?, disse o mesmo analista.

O raciocínio é o mesmo usado pelo presidente do BC, Henrique Meirelles, em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado realizada na segunda metade de março, na qual ressaltou que o preço de trazer as projeções de inflação de 2005 para valores abaixo da meta já havia sido pago. ?O maior custo que pagamos foi a desinflação e este custo nós já pagamos? disse Meirelles naquela ocasião.

Os sinais sobre a definição da meta de inflação de 2006 são menos claros. Uma parcela do mercado, entretanto, acredita que a meta de 2006 deverá ficar nos mesmos 4,5% do próximo ano. ?Seria uma sinalização importante de compromisso do governo com a estabilidade de preços?, disse o analista. Estabilidade que é vista pela equipe econômica do governo como condição para garantir uma melhoria da renda da população.

?A inflação prejudica a renda?, disse uma fonte da equipe econômica. A renda, por sua vez, é precondição para o aumento do consumo doméstico e a conseqüente elevação dos investimentos para atender a um eventual aumento da demanda interna. Com os investimentos, o governo espera consolidar o processo de retomada do desenvolvimento econômico.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo