A opinião dos especialistas quanto ao ambiente econômico no Brasil teve, em outubro deste ano, a pior avaliação desde a crise em 2009. Calculado trimestralmente em uma escala que vai até 9 pontos, o Índice de Clima Econômico (ICE) do Brasil foi de 4,8 pontos no mês passado, o menor desde janeiro de 2009 (3,9 pontos) segundo a economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Lia Valls.
A técnica observou que, na comparação com 2009, as expectativas dos analistas quanto ao Brasil estão, atualmente, próximas às projeções apuradas naquela época. “No entanto, a avaliação da situação atual brasileira hoje é muito mais favorável do que era em 2009”, acrescentou a especialista.
No caso do Brasil, a especialista comentou que as expectativas dos analistas quanto ao País, dentro do ICE, apresentaram sinais de piora a partir do final de 2009. Mas o pessimismo só se fortaleceu a partir de abril deste ano, quando o ambiente de turbulência externa, originada na Europa, começou a se intensificar.
O cenário negativo causou redução nas projeções de crescimento econômico brasileiro e aumento nas estimativas de inflação. De outubro de 2010 para outubro de 2011, as previsões dos analistas de aumento para o PIB do Brasil nos próximos três a cinco anos diminuíram de 4,6% para 3,8%. Ao mesmo tempo, de julho para outubro deste ano, saltou de 6,1% para 6,4% a estimativa de inflação no País para 2011, entre os analistas.
A situação brasileira não difere muito do que ocorreu com a avaliação dos dez outros países latino-americanos analisados para cálculo do ICE latino-americano, que recuou de 5,6 pontos para 4,4 pontos de julho para outubro, o pior nível desde julho de 2009 (4,0 pontos). Lia lembrou que a economia latino-americana não é imune ao quadro de deterioração das perspectivas da economia europeia, que se intensificou no terceiro trimestre deste ano. “Em outubro deste ano, não tivemos nenhum país em fase favorável em outubro de 2010. Ou as economias estão em declínio ou em recessão”, acrescentou.
Ao comentar os resultados do ICE, divulgados hoje pela fundação em parceria com o instituto alemão IFO, a especialista alertou que o desempenho mostrado em outubro possui “resistência à reversão”. Ou seja: as condições estão em tal estado negativo que seria necessária uma sucessão de boas notícias para recuperação sustentável. “É preciso um fator novo para reverter estas expectativas. E isso não esta acontecendo, nem no front doméstico nem no front externo”, salientou.